Agora nem nómada, nem emigrante.


segunda-feira, maio 29, 2006

Plim



Plim Plim Plim...

E a música de embalar bebés continua... plim. Era uma vez...

Num país pequenino, num espacinho que ninguém conhecia, uma alma de anjo saiu do corpo de um menino e veio adormecer junto à campa dos sonhos. Ali se deixou ficar...

"Aqui jaz, quem soube dar tudo e continuou a ser cada vez mais."

Não chores. Não circulaste com cuidado, mas viste a tua alma ir e deixaste, porque, em voos profundos quiseste não estar sem sentir, porque te entregaste ao cúmulo do monte quando tudo parecia uma só fantasia e... ama-te a cada sorriso que te dês, e devora-te em cada doença, pois é na cura que está o maior pedaço de terra. A doença é o mar, onde não podes viver com o que tens agora, mas apenas com o que és.

Um dia, criei um guia na mente e olhei-te sempre assim. Ouço-te a contar-me rasgos de orgulho, em que apenas vejo o brilho dos teus olhos... às vezes precisas de três rodas atrás, quando soluças e te sentes pequenino... sim, eu sei... mas, quero fazer o que tiver ao meu alcance e, neste momento, além de te abraçar, também te dou o meu colo, para que repouses... mesmo que não precises, mesmo que não seja o momento de desespero... mas já pensaste que também é difícil apoiar quando alguém está mesmo bem sem o puxarmos para o nível em que estamos. Quando estiveres lá em cima, puxar-te-ei mais para cima ainda! Sê sempre como és e serás cada vez mais feliz*.

Os abismos de cumplicidade são inspirações que se vêm sem olhar...

Eli

:)

P.S. * Frase escrita por mim há alguns anos. Foto foi tirada por mim...

sábado, maio 27, 2006

Companhias


2006.05.26

Não tenho um diário, nem com linhas, nem com argolas, nem...
Hoje aconteceu uma coisa que jamais esquecerei. Foi como um marco. Não, não estou a falar de Amor, nem de saudade, nem...
Estou simplesmente a escrever aqui como escreveria num caderno de capa negra que me persegue e ao qual me entrego sem regras, sem cuidados, sem barreiras, nem tabus... onde sou o todo do eu e tudo o que sentir... onde posso exagerar, sonhar, riscar, chorar...
Hoje não aguentei. Foram tantos meses a corromper o vaso que estava cada vez mais cheio de repressões, de paciência, de aguentar... e... e... nunca transbordava nesse lado. Sempre forte e segura. Sempre. Consegui. Até ao dia em que solucei. Este dia. Tão poucas vezes solucei na minha vida. Lembro-me do descontrolo delas e, talvez por isso, hoje, sinto esta tarde, aquele momento, como um sinal de que não consigo tudo com frieza, dedicação, ou trabalho...
As minhas forças sempre me pareceram ilimitadas quanto ao controlo de emoções. Mal ou bem, consegui sempre manter aquele lado... e os outros...
"Desculpa"
Não, não quero desculpas de quem me magoa todos os dias. Eu... sempre soube receber novamente de ouvidos atentos e sorriso no olhar. Minha voz amável e serena não é para quem não a merece. Será ignorado mais do que nunca até que sinta a minha falta e também soluce.
E... quando olho à volta e vejo duas dezenas de sorrisos... uns ocultos, outros evidenciados, sofrendo comigo, mas sorrindo, dou-me conta de tudo o que tenho que aprender... mesmo que não possa ser natural, serei sempre eu mesma em tudo o que faça... mesmo que sofra.
Evidencio os laços que me unem a eles e a duas meninas (grandes) que fazem parte da minha vida mais do que imaginam... a elas e a todos eles, o meu agradecimento. Hoje é só assim, mas é muito de mim e pouco de Eli.
Junto a mim,
No esplendor da sua presença
Está cada alma... assim...
Embrulhada em cada trança
Mimada por beijinhos
Em cada bola jogada
Esquecendo beicinhos
Não quero objectivar mais nada
Nem mais um tiro na madrugada.
Eli
:)

P.S. Foto tirada por Eli (às amigas).

quarta-feira, maio 24, 2006

Teu rosto



Em cima do sofá,

Com um lápis descalço,

Numas folhas brancas e perdidas,

Desenhei no teu rosto,

Um pedaço de serenidade e nervosismo...

Cada traço a preto, a cinza, a acabar, a ti

Revelavam muito... tanto.

Depois, o teu rosto era estranho

Mas... eu só te via a ti.

Então, risquei outro branco aos bocados

E... num poema ajudado

Senti os teus traços

Em palavras de desejo rasgado

De ternura

De anseio

De bravura

E... abraça-me com esse sorriso escondido...

Afaga-o nos meus cabelos...

Eli

:)

P.S. Desenho por Eli.

domingo, maio 21, 2006

Queria não sentir


Queria não sentir.
Só hoje, só agora, só neste momento em que as veias estalam de tão secas pelo sangue que me é congelado. Mas, mesmo assim, não deixei, ainda, de sentir. Já não há vermelho, nem cores que revelem sopros de vida, mas continuo a sentir. É apens um toque de sinos de sobrevivência, onde rasgo palavras e atiro-as nos becos... não estou perdida, porque me acho em abismos. Se soubesse que a morte era um intervalo, pedir-lhe-ia para me acordar quando chegasse a altura de viver. Não há qualquer gota de sangue que tenha ficado para me mostrar viva... minha pele é um resto de branco sem mais, sem faquear, sem...
Se não sentisse, seria fácil.
"Nem sempre o que quero é o melhor para mim." Disse-me a Susana Rocha, uma vez, concluindo.
Hoje, sinto mais do que nunca que o que quero não é bom para mim, pois baseia-se em contradições estúpidas e sou cruel para mim quando me chego a perder dentro do abismo que conheço... mas mesmo este é mais do que um lugar sombrio. É um espaço onde me deixo flutuar apenas para me lembrar de mim enquanto sonho de sentires... e a fluidez dos líquidos não jorra nesta alma ensanguentada. Morte seca. De que valho sem sangue?!
O progresso da alma é lento devido às regressões.

Eli

:)

sexta-feira, maio 19, 2006

Pedaço de Sonho

Sussurando uma música que ouço, vim só aqui sonhar assim, baixinho, para que ninguém me ouça...
Vem aí alguém...
.
- Eli?! Por aqui a estas horas?!
- Não tenho outras. Estas são minhas.
.
Já estou só eu outra vez... ah! Eu e o sonho...
Uma lágrima vibra na alma, mas não tenho vontade chorar. Há algo dentro de mim que é tão forte e me faz feliz a cada momento...
E chego ao meu espaço e os meus companheiros saciam as respostas às minhas perguntas ténues. Conseguirá alguém ser-me objectivo na alma?
.
Os meus refúgios não são mais que lógicas apenas por mim decifradas e por alguns entendidas que, embora não tenha escolhido, foram escolhidos por Alguém que me entendesse. Hoje, até referia nomes... mas quem poderia não citar?!

Ei! Vou arrancar um "obrigado"
Que tu nunca ousaste ser tão bem soletrado
Mesmo que não me deixes penetrar
Nessa teia tão fina sem partir
.
As suas linhas de seda branca
Serás tu a colocar
Pétalas vermelhas onde eu não cair...
.
Cada porta sua tranca
Não a viste escancarada?!
Nunca esteve, nem por paixão, nem por arte...
.
Só o olhar da "Outra Parte"
Trará o sinal... e será amaldiçoada...
.
...a alma que me amar o âmago.
.
Eli
.
:)


Eu disse que só tinha vindo sonhar!!! Quem me mandou sonhar aos bocados?! Vou sonhar só quando vier aqui... Hmmm... Boa ideia... (I can't)!


:)

P.S. Fotografia por Eli (Lagoa das Patas - Ilha Terceira).
Todos os escritos publicados aqui são da minha autoria, excepto os devidamente assinalados como citações.

terça-feira, maio 16, 2006

Regressos


Não me tenho atirado por abismos

Não tenho recorrido aos nervos para me vestir

Pois a ansiedade esteve dentro de mim

E o negro foi morar num barco a partir

.

Vou pôr a música alta e gritar como quem sente
Vou subir montanhas e não me afectar pela altitude
Quero que desças cá abaixo e me olhes de frente
Sem esperar que esperes de mim, magnitude.

Eli

:)

segunda-feira, maio 08, 2006

Queres?




Eu queria que esperasses por mim
Ansiosamente
Com quem conta os minutos
De um relógio teimoso

Eu queria que sentisses na barriga
Esta impressão de querer
Subtilmente
Passar os dedos pela pele...

Eu queria ouvir passos
E ao virar da esquina
Ver-te a ti
E não à imaginação

... dos teus olhos.

Quero que as tabelas das possibilidades
Não se rejam pela maltratada razão

Quero que gráficos de barras
Sejam baixos em estatísticas de desilusão

Às vezes queria que apenas me fosse gritado um “não”
Em vez de sempre mo sussurrarem
Sem saber ou não...

Mas sei.


23:19 Açores
Eli
:)
P.S. Fotografia por Eli.

quinta-feira, maio 04, 2006

Pensar

.
Deixei de me recordar
Prontamente de cada imagem vista no céu
Deixei de me lembrar
De cada sinal que assumi como meu
.
Parei. Fiquei a pensar....
Simplesmente num sonho que morreu
Mas, o fim não está na morte?
.
Então?! Para quê escrever
Sobre memórias de fado e de sorte?
Então... para quê sofrer
Se cada dia é pedaço de céu
Se vivo comigo...
.
E não devo o meu sorriso...
... nem ao mais belo homem que passe... Amigo,
No entanto, sorri aos belos olhos estampados nas palmas
De cada um que pise o chão
... da minha vida
Rodo um só coração
... em poesia.
.
Poemas dedicados a cada virar de página
E sorrio com a fantasia
De soletrar um verso ao despertar.
.
Eli
.
:)

terça-feira, maio 02, 2006

Azul

Imagem de Eli

Perdoa-me por escrever um poema ajudado cada vez que penso em ti, mas queria que a música não fosse necessária tu, a tua voz... Perdoa-me por te bombardear com pensamentos em mensagens de embalar, só porque gosto de te mimar. Gosto sim...

Não é amor... não é beleza, não é atracção, não é sonho, não é pesadelo, não é um só sentir, não é apenas um pensar... É um abraço que sinto envolver-me cada vez que nos perdemos em estórias... é tudo o que tenho...

Não és um segredo... és um mistério além do tempo e do espaço e... quando me “namoriscas” eu observo-te com um sorriso penetrante que te invade as tuas regras, sentes saudade e queres logo abraçar-me. És estórias repletas de ternura e apetece-me mimar-te assim.

Eli
:)

O fundo azul



Quantas vezes me perco em pensamentos e me lembro de ti e sobre o que me dizes, de como me fazes sentir... No entanto, depois lembro-me de como já me apeguei às pessoas tantas vezes e passei maus bocados devido à minha espectativa... no entanto, da outra parte haverá sempre alguma, que eu, com a minha frieza prezo em dissipar tantas vezes.

Em tudo o que me envolvi me entreguei, sou eu, mas quando me aceitam, não é só à minha alma dissecada do corpo. Além disso, seria impossível não ser composta por aqueles que considero parte de mim. Sou também o que vêem em mim, os sentimentos que têm por mim... sou tantas vezes o meu nascimento e a minha morte em fatias... nunca fui apenas aparência e, agora, sou quase e só interior. Neste interior revelado em palavras, sou um ente, não chego a ser gente... e sou as relações humanas e sou muito mais do que isso, porque a cabeça não me permite apenas um só sentimento, um só coração... que é vadio acima de tudo.

Eli

:)