Agora nem nómada, nem emigrante.


sábado, março 29, 2014

Vulcana


Estava à espera que me passasse em todos os moldes. Começa primeiro por desaparecer a ansiedade. Gostaría de a manter para a saciar, mas depois não aguento, porque se transforma em sofrimento. Depois, passo a uma primeira fase de espera e que tenho a certeza que ele vai ligar, pois até deu sinal de si e mandou recado pelo amigo. O tempo passa, sei que - afinal - ele não morreu, mas que está deprimido. Entendo, afinal somos humanos e todos nós temos o nosso tempo. Escrevo-lhe relembrando-o dos nossos momentos, das nossas palavras. Mas, parece que ele se isolou mesmo. Seguidamente, há uma fase em que já não aguardo, mas também não desisti de saber dele, de lhe pôr a vista em cima. Começa um vazio inevitável. Mais tarde, meses depois, há um lado racional que me diz para esquecer e para pôr no saco - Passado - com todos os outros. Porém, ainda há uma energia qualquer. É como se ele ouvisse uma música e pensasse em mim. Todavia, preciso de um sinal. Doutras vezes, vivi com base em analogias psicológicas, mas depois acaba-se antes desta fase. Eu sei que sou dada ao platonismo da coisa... mas, mas há uma intensidade de vez enquando, que me apanha despercebida e é por isso que eu não arranquei ainda.

Eli

quinta-feira, março 27, 2014

Abraços

E eu vivo num mundinho de sobrevivências onde sorrir, falar alto, ser-se o eu de cada um tem que estar camuflado, tenho que estar quase sempre a quase pedir desculpa porque eu preciso da merda do trabalho, de passar os míseros recibos verdes e repetir-me. Gostar do que faço, apaixonar-me momentaneamente por um momento do meu dia soa quase como se fosse um acto ilegal. Quero mais também. Quero que não se finja todos os dias que não estamos com mais seres humanos no metro. Gostava que não tivéssemos que ter uma circunstância plausível para simplesmente falar com pessoas, com humanos. Só queria poder fazê-lo sem parecer louca e ser logo julgada. Há uma frase por aí que diz "se levantares os olhos do telemóvel, reza a história que vais encontrar pessoas e ver árvores...". A verdade é que Lisboa tornou-se grande demais para tanto que queria ser. Não devo culpar os outros, mas cansei-me de coisas dessas.

Comentário a este texto de um dos meus blogues preferidos.

Eli

quinta-feira, março 20, 2014

Horizonte

Estabeleces metas. Chegar ao final daquele livro. Conseguir (a)cordar mais um dia. Sobreviver (s)em ti próprio. Só começas quando terminares. Acredita que és muito mais do que aquilo que te permites ser. No fundo, sabes que já o foste. Pensamentos no vazio, eu preciso de um ponto final para recomeçar. É urgente que volte a ser mais do que mera sobrevivente. Preciso de partir para ir mais além. Talvez a luta pela estabilidade nunca tivesse que ser um objetivo meu. Sinto-me como as velas de um navio que me levam para onde decide o vento sem que eu possa escolher. De vez enquando, eu remo, remo, remo tanto até me cansar, até que os calos rebentem e sofra de tanto me esforçar. Então, posso parar, posso pairar qual árvore livre que esvoaça o horizonte. Este parece o limite, mas trata-se de um optimismo valente além mar onde eu posso sempre descansar, quando por momentos me lembro do passado, do tempo em que trepavas muros altos só para me ver. A porta está aberta. Entraste. Ficaste.

Eli

:)

sábado, março 15, 2014

sábado, março 08, 2014

Respira






Assim não vale. Deixaste que os meus cabelos crescessem sem lhes sentires o seu perfume de mulher. Não dependo mais de ondas negativistas, teria tanto por fazer. Hoje, um sorriso apareceu-me à frente, meio mascarado, algumas vezes no meu dia e apercebi-me da sua preocupação quando me disse "respira". Tão simples como isso. Uma alma viu que eu precisava de aquela palavra, a única a fazer efeito. Uma pessoa não precisa de se deitar com alguém, nem de cantar sonetos para ler numa expressão um momento humano. Quem me reconhece na voz uma gargalhada e me a permite assim, faz-me bem. Obrigada aos humanos que se cruzam comigo e que não fingem que a minha existência é tão redundante que chega a ser desnecessária, porque se não figurássemos todos no mesmo metro, no mesmo comboio, seria estranhamente mais dolorosa a viagem... como se os lugares vazios estivessem realmente vazios e o mundo desaparecesse em si.
Chegamos ao final do inverno, meu querido, sem ouvir a chuva lá fora, juntos. Ambos numa solidão carregada de pensamentos, de lutas, de dias e noites, ambos numa distância... porra, não me feches o portátil e não me corras por este sul fora fazendo um desvio! ;) Não aguentei, tive que te piscar o olho, porque um dia ainda irás ler isto e vais achar "mas onde é que ela foi buscar aquela paciência sacrossanta". Estou no final da estrada. Não vivo muito mais. Só para que saibas, a minha lealdade aos meus é eterna, mas eu continuo a mesma mortal. Cativas-me ou cativo-te? Algum dia serias capaz de lutar por mim?! Onde está a tua espada em punho para me resgatar?! Vais subir, vais entrar?

Eli

quarta-feira, março 05, 2014

Inspiração

...

História da Treta



Era uma vez um homem que vivia no Algarve. Barba a crescer, cabelos pelos ombro cortados em vários tamanhos, quase emaranhados de tanto se deixar ficar ao Sol do mar, quase rastas, quase tudo o que fosse abandono do seu próprio corpo... Homem triste e acabrunhado. Depois de tanto ler à sombra de um alpendre qualquer, resolveu criar um blogue a utilizar a internet para expor seus pensamentos pecaminosos ou não. Esbaforido, ficava-se de olhar penetrante, aguardando que o computador lhe trouxesse notícias do além. Um dia, uma bela açoriana, não tão bela quanto ele, deixou um comentário no seu blogue. Ele resolveu seguir-lhe o rasto. Açoriana escrevia sempre de uma forma tão confusa que o Algarvio nem sempre a percebia, mas, mesmo assim não deixava de se fascinar. Depois de tantos comentários trocarem, Algarvio investiu todas as suas economias numa viagem de avião para os Açores? Ter-se-ia enganado na ilha? Seria aquela do vulcão?

Eli