Agora nem nómada, nem emigrante.


domingo, abril 10, 2016

Ausência de Poemas

E depois há aqueles dias em que achamos que uma página na Internet, cheia de dúvidas e imperfeições possa inspirar alguém a escrever-nos... esses dias transformam-se em noites - uma única - e... continuamos na melodia dedicada enquanto o silêncio de esquece de nós. Diz-me que "Só a saudade faz as coisas pararem no tempo" e que os "poemas estúpidos" e eu respondo-lhe falando na pele. Nunca sei bem o que significam as minhas palavras atiradas, assim sem qualquer cuidado o delicadeza, mas fico sempre na esperança que provoquem para que me escrevam mais e mais e só para mim.

Eli

"Vou partir"





Ela adorava ler manhã. Levantava-se num ápice, sentava-se na cama com as pernas cruzadas e debruçava-se gentilmente sobre o livro, como se carregasse a cabeça de um homem no seu colo. Folheava as suas páginas como se fossem cabelos já crescidos e amanhados pelo tempo.
- Há céus que me fazem despertar mais cedo do sono. Como se não houvesse tempo para haver sonho e música. Apenas o desabrochar dos olhos nas órbitas, uma chávena de um líquido qualquer na mesa-de-cabeceira, um pensamento longínquo em ti, meu amor. Então, seguro o livro lentamente e levito como se dos capítulos romanos me invadissem os dedos enquanto o cheio a páginas me penetra as narinas…
- Pára.
Fez-se um silêncio avassalador, como se ele estivesse ali mesmo ao lado e tivesse sentido tudo.
- Paro?! Mesmo?!
- Sim, vou desligar.
Então, não se ouviu mais o som em redor, das obras, dos vizinhos, de um avião sonhado… Qualquer mudez se intimidaria perante a música daquele silêncio.
Ela sentiu a flecha do corte e soube que o amor não bastaria jamais.
Deixou que o livro lhe caísse das mãos.
Enviou a mensagem “Vou partir”.


Eli