Às vezes tenho a sensação que não posso ser feliz durante muito tempo. Há-de haver alguma coisa que faz com que o factor sorte se distancie. Não, não sou uma vítima. Pelo contrário. Sou uma mulher lutadora, que comete erros, que gosta de falar sobre eles para que sejam superados. Reconheço o valor do outro e admiro-o. Na verdade, a minha admiração pelo outro tem muito a ver com a sua vida e pouco a ver comigo. Gosto de pessoas que vivam a sua vida e que se saibam superar a si mesmas, não se ficando tacanhas à espera que a vida lhes aconteça sem fazer nada por isso. Quem me conhece bem, sabe das minhas lutas e do meu prazer na comunicação. Porém, poucos que privam comigo lêem o que escrevo. Às vezes, penso que quando estou a falar disso, esperam que eu acabe, porque é um mundo à parte, por isso acabo por evitar o assunto. Este é extremamente importante para mim, porque as palavras saciam-me e fazem-me bem, tão bem. Por isso é que valorizo todas elas, inclusive as minhas, onde deixo que a minha alma transpareça, embora deixe o mistério presente, tal inevitável para mim. Tenho a sensação que estou sempre longe. Parece que a separação entre mim e os meus é algo inevitável e quase desejável para que tudo corra bem. Gosto muito de sentir que reuno em meios de comunicação (internet e telemóvel) alguns contactos fulcrais. Ou seja, mesmo que seja a tal nómada assumida, também tenho alma de eremita. Estou tão bem entre as pessoas, como depois me resigno àquela solidão que acaba por ser necessária. O longe permanece sempre para os que querem que permaneça. Mesmo quando estava nos Açores, eu sentia-me próxima de algumas pessoas com quem falava (quase) diariamente, numa companhia cúmplice que até hoje mantenho. Como tal, todos os que fui conhecendo ao longo do tempo em que vivo têm ainda um papel fulcral. Quando eles querem ir "embora", às vezes pergunto-lhes porquê e aceito as suas decisões, porque posso querer estar perto de todos, mas não devo, nem é possível e aceito a condição de todos aqueles de quem gosto, pois meu coração é imensamente grande. Eu deixo-os ir. Só volta quem realmente quer. Acima de tudo gosto de ser bem tratada. Sei que todos gostam, mas a pior coisa que pode acontecer é alguém de quem goste se zangar comigo. Fico muito triste. Um distanciamento lógico de um amigo é aceitável, mas um afastamento de quem gosto sem razões, sem explicações faz-me reflectir sem parar. Parece que não descanso bem. Um dia, um amigo muito importante para mim (ainda hoje o é) chateou-se comigo e disse-me porquê. Ele tinha razão, eu tinha feito uma coisa que não devia. Na altura não tive consciência, mas quando ele me disse, eu aceitei, pois tinha razão. Pedi-lhe desculpa e nunca mais o voltei a fazer. Já passaram anos e ainda me lembro disso. A sensação foi horrível. Gosto de falar e esclarecer as coisas. O meu amigo perdoou-me. No entanto, enquanto não o fez, andei mesmo em baixo. Eu sou assim e lido com o Longe desta maneira. Tudo depende, é certo, mas quanto mais gosto das pessoas mais as procuro e gosto do tal feedback.
Eli
11 comentários:
O diálogo com os outros (e connosco) é um mimo que também não dispenso.
Entendo-te, sim!
Percebo essa tua necessidade de falares e de um certo recolhimento, como que a sopesar tudo o que foi dito!
Beijos grandes e descansa estes dias.
As palavras são boas e até ajudam a encurtar a distância.
Perguntar porquê e depois aceitares decisões é um exercício de respeito e ter um grande coração.
Entramos sempre em períodos de reflexão.
Não obter um feedeback é como estar na margem de um rio seco.
Passa bem estes dias.
Ó Rapariga, eu parti mas não estava zangado contigo. Passei simplesmente à reserva. Não havia necessidade de te preocupares tanto e de me dedicares tão longo post.
Não estavas a falar de mim?...
Bem, vou ali ver se está a chover...
;) Uma Santa Páscoa Eli.
Que o Pai Natal te traga muitas prendinhas.
Bolas, lá estou eu outra vez a trocar as frequências...
mfc
É na comunicação que reside o entendimento.
:)
Manuel Luís
Fizeste-me pensar, principalmente na margem di rio seco...
Oficial e Cavalheiro na Reserva
Estava a chover?
(lol)
O Pai Natal está em tua casa. Solta-o. (lol)
:)
Verdade! Pedimos sempre mais feedback na proporção do gostar mais do outro.
Uma Pàscoa Feliz com muitos ovos de chocolate, amêndoas docinhas e coelhinhos fofos :)
Oi Amiga, estive cá!... rsrsss
Deixo-te um :) e quero-te dizer que é importante aplicarmos o nosso tempo da melhor forma que conseguirmos com todas as condicionantes que possamos ter, porque nunca temos tudo, há sempre qualquer coisa que mudavamos. Para melhor??.. Pois, não sei. Acredita que nunca estamos sempre perto de tudo o que gostamos e mesmo que estivessemos também nos cansavamos. O ser humano é mesmo complicado!
(Este "recado" não é só para ti, é também para mim...rs)
Abracinho forte e boa viagem!
Anita
Daniel (Lobinho)
«Pedimos sempre mais feedback na proporção do gostar mais do outro.»
Resumiste nesta frase uma mensagem inerente. Tudo verdade quando sentido.
:)
Anita
Ando a tentar compreender isso de que falas. Isso de pensar que não pode ter o "tudo", de alguma forma, perturba-me, deixando-me um pouco sem chão. Para quê tentar ter o tudo se estamos bem com o nada... e de pequenos nadas já nos satisfazemos... enfim, sem conclusões, mas com alguns pensamentos... obrigada por teres comentado, mesmo. Mais do que este gesto são todos aqueles que me tens demonstrado, porque és uma pessoa realmente importante para mim, assim como as tuas palavras (bem ditas). Como já te disse, "quando for grande, quero ser como tu".
Abraço forte
:)
Oi companheira
Não penses muito em encontrar respostas, porque algumas, acho que nunca as encontramos e isso deprime muito. Pensa antes em viver da melhor forma que conseguires, tendo em conta a tua felicidade e dakeles que de alguma forma te são importantes ou que te fazem sentir bem!
Vá lá... up, up!
Anita
(Bem, estou uma escritora...hahaha)
Estou a viver essa sensação de se tornar cada vez mais longe... com alguém que por vezes está mesmo á minha frente... e isso tudo por falta de ...feedback...amor...carinho... compreensão... sei lá o que será.
Aja coragem para não se parar de remar sempre em frente
É um dos problemas deste meio, as pessoas parecem tão próximas mas poucas o estão na verdade. E conseguir fazer a distinção é algo que só com o tempo se consegue, e nem sempre na perfeição.
Beijoca!
Anita
Já há uns anos que tinha deixado de pensar demais, mas parece que voltei ao mesmo. É incrível como, mesmo não tendo tendências depressivas, me deparo com momentos tristes... assim. O que vale é que me passa rápido! (lol)
(Estás uma escritora, sim. Se colocasses no "papel" as tuas filosofias de vida, tinhas material para ter um blogue.)
Bjinho
JP
Às vezes temos que nos esforçar para mudarmos as coisas... É muito difícil, mas promovendo uma abertura entre as pessoas, penso que tudo é possível de se dizer.
:)
Rafeiro Perfumado
Em qualquer meio, só quem se dá a conhecer é que promove a abertura para continuar a relacionar-se (seja que relação for, pois as minhas familiares são quase inexistentes).
:)
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