Agora nem nómada, nem emigrante.


sexta-feira, novembro 30, 2012

Esticar

Que contracenso! Pensei que fossem dois corações, mas afinal era só um. Mudava a cor, a perspetiva... e ficava-me assim, sem dormir. Digo a toda a gente que não consigo. É uma verdade meio caducada, pois o motivo alterou-se. Gerou-se uma ansiedade... a música vibra-me.

Eli

:)

Existes

É difícil explicar um quadro de algo que se adivinha fofo. Como já detestei esta palavra, irritando-me até sempre que a ouvia. Agora até a uso, embora não faça grandes descriminações. Por um lado, ainda bem. Sinal que evoluí. Como é bom sonhar assim em branco quando se prefere sempre o preto!... Como é bom sentir a beleza da naturalidade. Como é bom acreditar. Gosto de sentir. As noites estão diferentes.

Eli

:)


P.S. Mudei o tipo de letra.

quinta-feira, novembro 22, 2012

Tribunal dos Nadas




- Eu não sei fazer mais nada.
- Como?!
- A única coisa que sempre fiz foi tratar dos meus filhos.
Tinha vinte e sete anos. Um número ímpar que lhe dizia tanto como uma vida inteira que se resumia a um Curriculum Vitae de frustração. Nem uma oportunidade. Susana saiu de mais uma entrevista de emprego, que lhe tinham arranjada, sem esperança nenhuma. Desceu pelas escadas, sentindo aquele cheiro estranho a velho entranhado nas paredes. Não aguentaria três andares num elevador com dois metros quadrados. Abeirou-se da estrada, sentou-se no passeio. Imaginou o resto da sua vida como uma inexistência plena de nada.
Vivera na capital. Arredores, num cubículo arranjado pelo homem que tomou conta dela. Como não tinha família e conhecera aquele homem aparentemente seguro de si e do seu interesse, ela apaixonou-se. Mais velho trinta anos, coisa que nem imaginou ser importante. Tendo ela vinte anos na altura que o conheceu, suspirou num porto seguro que a protegesse, sonhou que a amasse, a fizesse feliz e assim constituiriam família.
Assim foi. Susana engravidou algum tempo depois de começar um relacionamento com ele. Foi uma felicidade verdadeira. Ele sustentava-a. Entretanto, ela conseguira encontrar um trabalho a lavar e limpar as zonas partilhadas de um prédio: escadas, sótão, sala de reuniões, elevador, etc.
Quando teve o filho, deixou de trabalhar, dedicando-se exclusivamente ao menino. Chamou-lhe Simão. O pai do rapaz aparecia cada vez menos, desculpando-se sempre com o trabalho. Um dia, estando ela já tão estoirada por não conseguir dormir, pois o miúdo não lhe dava uma noite descansada, pressionou aquele a quem chamava de marido, um companheiro meio ausente meio presente e perguntou-lhe, encarando-o:
- Tens outra?
Ele baixou a cabeça. Não disse nada. Sentou-se na beira da cama. Ela abanou-o compulsivamente.
Então, ele resolveu contar-lhe:
- Sempre tive outra família, mas quando te conheci não consegui resistir aos teus encantos.
Susana chorava compulsivamente. Simão berrava no berço. O seu pai pegou nele ao colo, beijou-o, colocou-lhe a chupeta e ele acalmou. O som do silêncio também ajudou Susana a raciocinar.
- Quando esperavas dizer-me?
- Não sei. Quando engravidaste, pensei em dizer-te logo, mas depois, estavas… estávamos tão felizes, que não queria acabar com esta emoção.
- Tens outra família mesmo?
- Tenho.
Receando perder a (in)dependência, acabou por aceitar viver assim desde que ele nunca lhe falasse da outra família. Viveria assim na ilusão de felicidade, embora, na ausência dele, chorasse incessantemente em silêncio.
Teve mais duas filhas.
Cinco anos depois, tendo ela vinte e cinco anos, ele faleceu. Ficou viúva sem alguma vez ter casado como o seu sonho de infância. Ficou viúva sem ter tido um marido. Ficou viúva e não poderia recorrer a nada, sem herdar nada.
Sem dinheiro para a renda e não tendo como sustentar três crianças, foi levada para um lar no Norte do país. Um lar onde acolhiam mães com as suas crias e ajudavam-nas a sobreviver.
Na verdade, ela sentiu-se bem naquele espaço asseado e acolhedor. Pensava muito no conforto que os seus filhos tinham ali, senão estariam na rua a apanhar frio.
Matriculou-os num Jardim de infância IPSS que trabalhava em concordância com o Lar onde residia, assim como o orfanato das crianças, tendo assim todas as condições para ir procurar trabalho. O Simão já tinha quase cinco anos.
Viviam na grande cidade do Porto.
A relação da Susana com as Educadoras de Infância era muito saudável e positiva, pois Susana estava sempre preocupada com o bem-estar das crianças.
Tinha uma excelente relação com os seus filhos. Havia muito carinho naquela família. Eram muito afáveis.
Susana passava o dia a procurar emprego. Ela não se importaria de fazer o que quer que fosse, pois tinha-lhe sido dito que a sua estadia no lar era temporária. Então, teria que arranjar uma casa urgentemente e um emprego para sustentar todas as despesas.
Susana procurava emprego, qualquer trabalho incansavelmente. Todos os dias à noite, chorava devido aos calos nos pés por tanto percorrer a cidade a pé, mas principalmente por não ter saída.
Contou a sua história à Educadora de Infância do seu filho mais velho, que a informou que o seu filho iria para a escola (1º Ciclo – Ensino Básico), pois estava quase com seis anos. Recearam ambas pelo futuro de uma criança que tinha tantas capacidades, mas que estava em risco. Os mais pequenos nem se apercebiam da realidade. O menino lia os olhares das suas referências.
Alguns meses depois, a Susana já tinha arranjado casa para alugar com o dinheiro de algumas horas que conseguiu a trabalhar na limpeza de casas de particulares. Estava mais animada. Ainda tinha um longo caminho a percorrer, mas o risco de ser expulsa do Lar já seria menor. A situação parecia controlar-se com ajuda exterior para alimentação.
Preparava-se para se mudar. Não tinha emprego.
Estando já o Simão na escola, orgulhosamente no primeiro ano, a aprender a desenhar as vogais, a lê-las e a cantar os ditongos, a correr e a brincar com os colegas, aconteceu o que mais se temera.
Susana foi chamada a tribunal para ser informada de que os filhos lhe seriam retirados e, nesse mesmo dia, ela deveria deixar o Lar, pois era só destinado a mães com filhos.
Foi a polícia primeiro buscar o Simão à escola, sem lhe explicar nada. A única reação do menino foi chorar sem saber o que lhe estava a acontecer. Seguidamente, foram ao Jardim de Infância buscar as duas meninas. Quando ele as viu, acalmou-se, mas ficou sem saber entender. Foram levados para um orfanato em S. João da Madeira, quando no Porto havia muitos e ficariam mais próximos da mãe. Susana nem teve tempo de se despedir. Quando chegou à escola e ao Jardim para se despedir, eles já tinham sido levados.
Recolheram os poucos pertences daquela mãe em sacos de plástico. Não teve direito nem a mais uma única dormida sequer.
Mas, o tribunal assim decidiu. As únicas referências que aquelas crianças tinham eram as pessoas da escola, a mãe e do lugar onde viviam. Foi-se-lhes retirado tudo.
Imagino que o Simão não deve ter cantado mais os ditongos durante muito tempo.
Só imagino, pois não sabemos mesmo o que lhes aconteceu.
Parece-me que aquela mãe, não tendo ninguém no Porto… acredito que deve ter sido acolhida por uma ponte qualquer…

(Baseado em factos reais.)

Eli Rodrigues

quarta-feira, novembro 21, 2012

Atrás

 
Engulo em seco depois de não respirar em exercícios conjuntos. Para quê aguentar num treino de experiências que não nos leva a lado nenhum?! Não corro. Os sons parecem reconhecer-me a mente e ficam a sentir-me por instantes, num processo de reconhecimento para que as palavras sejam tão minhas quão gostaria que fossem. Páro. Encontro uma dança de guitarras com maiúsculas desaparecidas. Como eu precisava de uma verdade. Os sonhos cansaram-se de mim. Gastei-os a todos, confesso. Admito que ainda olho para trás, mas é só para ter a certeza que existiu, mesmo que seja um grito de quase três vezes. Olho lá bem fundo no passado, enquanto uma música me lembra a imaginação. Vejo Um e Outro Homem  e Outro e Outro. Apaixonaram-se por mim...

Eli

quarta-feira, novembro 14, 2012

Profunda

Assim de um modo atabalhoado, já era tarde... e eu tinha simplesmente cozido umas pêras pela primeira vez. Sentei-me no sofá a saborear uma parte delas, colher na mão, pensamentos na outra e foi então que um amigo me ligou e fiquei perdida entre pensamentos vazios e sonhos pouco conseguidos. Mais tarde retornei e expus-me. Lembro-me sempre daquela parte do filme em que o Seth imagina o sabor da pêra através de uma descrição doce. Fez-se clique. As pêras que ele recolheu no cesto depois de a perder para os outros anjos, em grande velocidade, fizeram com aquela parte da perda se atenuasse. E eu pergunto-me: alguma vez serei profunda na realidade?! Sei que quando for, deixar-me-ei para trás para que um nós se faça num clique, num sabor.

Eli

terça-feira, novembro 13, 2012

Jantares de Natal

Sejam ou não blogueiros, sejam ou não chegados a comemorações natalícias, lembrem-se que podem contar com a minha companhia e a de mais algumas pessoas bem simpáticas! Falo por experiência!

Estou a pensar ir também ao Jantar de Natal no Norte, que será dia 8 de dezembro. Para isso, precisarei de contar com a vossa companhia. Alguém?!

Se queres participar no Jantar de Natal em Lisboa (dia 1 de dezembro), envia a tua

pré-inscrição, para:




Se queres participar no Jantar de Natal no Norte (dia 8 de dezembro), envia a tua

pré-inscrição, para:




Em ambas as pré-inscrições deves enviar, o teu email, o nome de blog e

o teu nome de blogger. Se não tiverem blogue, também podem ir! :)


Se se inscreverem, avisem-me.
(Ainda não me inscrevi no Jantar do Norte.)


Para mim, isto é mais um motivo para juntar e/ou conhecer pessoas simpáticas, alegres, divertidas!

:)

Eli



Cumplicidade


Eu gostava de aparecer simplesmente como se isso fosse normal há já muito tempo. Que não temesse a minha poesia. Que me quisesse profunda, normal ou simplesmente quieta. Quando a anormalidade assiste a nossa vida mais vezes do que o previsível, acabamos por deixar os sonhos mais comuns e mais saborosos para trás, defendendo-nos da sociedade com um compromisso de independência. Parece que nunca mais serei a mesma, aquela que naturalmente é e só por ser, imagina um pedaço de proteção, carinho e cuidado de alguém extremamente especial. São coisas vagas, são participações pouco plenas, mas subir a fasquia parece cantar e eu não tenho voz.

Eli

segunda-feira, novembro 12, 2012

Dos Desaparecimentos






Lembro-me da promessa. Não era uma promessa qualquer. Era um convite. Uma viagem até ali bem perto, até ele. Carregou com o meu olhar durante uma noite inteira, até que lhe perguntei sobre ela...

... ao que ele respondeu:

- Nem sei se te leve até lá, porque podemos deixar de ser amigos. Eu não quero perder a tua amizade.

E eu voltei a questioná-la:

- E a promessa?

- Isso que disse foi num jogo de palavras, pensei que tivesses percebido.

- Então, significa que eu sonhei com um momento contigo e apenas choveram pétalas no teu colo?

- Como? Explica-te. Nunca te percebo quando falas assim.

- Se eu tenho que explicar tudo, tu não deverias ter prometido aquele lugar cómodo.


Entretanto, desapareceu. Nunca mais me disse nada.

Detesto promessas.




Eli



Jantar de Natal de Blogueiros em Lisboa (dia 1)

Parece que ultimamente só encontro excelentes iniciativas cada vez que me passeio pela blogoesfera!!!

Então, desta feita, resolvi aderir à iniciativa de um jantar em Lisboa, no dia 1 de dezembro. Já me inscrevi, mas preciso da vossa companhia! Qual de vocês, leitor(a) deste blogue me quer acompanhar ao Jantar?! :)


AQUI NESTE POST têm os contatos para se inscreverem até dia 15 de novembro!!!


Podem responder-me aqui na caixa dos comentários ou para o mail rodrigues1981@gmail.com .



Eli


quarta-feira, novembro 07, 2012

Adormecer

Já falei deste projeto no meu outro blogue, mas creio que faz todo o sentido sonhar aqui também. Quem gosta de histórias - dizem que são infantis, mas são intemporais - pode visitar o site Adormecer que para mais é escrito por um autor, cuja escrita admiro muito.

Em todos os lugares, há espaço para sonhar. Se eu adormecer e sonhar, quem contará a minha história?!

Eli

:)

Coletânea "Beijos de Bicos"


A Pastelaria Studios Editora está a promover uma nova obra, cujo tema é o Amor!


Já estou a trabalhar na minha história para enviar até final do mês...


Regulamento :
Envio do pequeno conto, em formato Word, para pastelarialivros@gmail.com
Até dia 30 de Novembro de 2012
Para participar:
- O tamanho da história: até 10 folhas (páginas) A4
- O vosso manuscrito deverá ser enviado num ficheiro word. times new roman 12pts
- Deverá estar devidamente identificado
- Qualquer pessoa poderá participar, obedecendo ao tema sugerido.
- A participação não obriga a nenhum compromisso monetário, por parte dos Autores.
-Os autores participam gratuitamente.
-Os Autores podem adquirir os exemplares que desejarem (com desconto de autor)
-Todos os passos, até à publicação da obra, serão partilhados com os participantes seleccionados.
Tal como de costume.
- Todos os manuscritos que não obedeçam ao regulamento, não serão considerados



Cumprimentos (e larguras, lol)!

Eli


 :)

Prémio Dardos

 
A Brown Eyes, atribuiu este troféu a este blogue, o qual agradeço desde já!
 
Houve tempos que ignorei prémios, desafios e a própria blogosfera. Depois, chega (sempre) um dia em que "caio na real" e não quero perder mais...
 
Pelo que percebi, este prémio começou com uma intenção nobre. O Prémio Dardos foi criado pelo escritor espanhol Alberto Zambade que, em 2008, concedeu no seu blog, Leyendas de el pequeno Dardo, os primeiros Dardos, destinados a quinze blogues, que, por sua vez indicariam outros 15 blogues. O prémio espalhou-se e tem como objectivo reconhecer o empenho e o valor de quem escreve na blogosfera mas, como é impossível conviver ou participar sem que tenhamos que obedecer a regras, cada nomeado, que queira participar e aceitar o convite, terá que: 
 
1 - Exibir o selo;
2 - Linkar quem o premiou;
3 - Escolher outros blogues para indicar o prémio;
4 - Avisar os escolhidos.
 
Os nomeados são:
 
 
 
 Ando meio perdida, mas hoje dei-me ao trabalho de copiar link a link porque quero continuar a ir aos vossos blogues, assim como reconheço a importância das vossas visitas.

Obrigada,

Eli

 

sábado, novembro 03, 2012

PPC (Amigo Secreto)






(Como eu gosto destas coisas...)

A Polo Norte do blogue Quadripolaridades está a promover um jogo chamado 
Polar Post Crossing
tipo "Amigo Secreto" que consiste mais ou menos no mesmo só que desta feita com postais de Natal.

 Podem enviar os vossos dados à PN até final do mês como poderão ver se clicarem no link.


Quem quiser participar, veja tudo explicado neste link.




Eu já me inscrevi e irei participar com todo o gosto!

:)

Eli