Agora nem nómada, nem emigrante.


segunda-feira, novembro 28, 2005

Nenúfar

Era uma vez uma fada que voou tanto, que, quando queria descansar, não tinha onde poisar... Voava voava, mas só via nenúfares e água. Não pousava nas flores com medo de as estragar e na água com medo de se molhar!

"Que faço eu, agora, que tenho já poucas forças nas minhas asas?!"

Então, o milagre aconteceu e o Nenúfar falou:

"Podes descansar nas minhas folhas, que são resistentes e aninhar-te nas minhas flores. É apenas o que te posso oferecer, pois mais não tenho..."

A fada lá continuou e só alcançava água... os Nenúfares ficavam para atrás.

Então, o milagre aconteceu e a Água revelou:

"Podes-te sentar em mim, porque os nenúfares são feitos de água, tu és feita de água e conseguirás descansar um pouco aqui, flutuando..."

A Fada lá pensou, pensou... e, quando as suas asas não batiam mais de tanto bater, deixou-se cair na Água... e flutuou... descansou... até que, com a corrente chegou de novo junto ao Nenúfar, que lhe lembrou:

"Por que fugiste, quando te ofereci um lugar quente, um colo?! Podes tentar ficar só, porque na Água só te vês a ti, ou podes ter-me a mim, que estarei sempre aqui à tua espera..."

Eli

sábado, novembro 26, 2005

Quebraram o Horizonte

Quebraraste o Horizonte ao qual assisti todos os dias como ermo...
Julgaram-me ausente, mas fui eu que estive sempre AQUI.
Como posso não estar presente, se já o estou?!...
Mas, a presença não é no espaço, mas no lume que arde...

Cumpro os preliminares - Afeição...
Dou-me conta da tua Índole...
Voltas-te e vejo Carácter, Coração...
Capacidade de revelar, converter, cativar...

Cada pedra que se soltou nesse mar,
Foi resultado do gelo que tentaste criar,
Antes de me tentares vir buscar.

Espero pelo dia em que vou voar
Para sair
Da clausura deste lugar.

O Atlântico gelou no dia em que disseste vir.
Mas, no qual que não me enviaste sequer um olhar.

Amanhã, partirás - o gelo - em navios,
Mas, só me conseguirás alcançar,
Se não tiveres medo de naufragar!


Eli Rodrigues

(como sempre)

segunda-feira, novembro 21, 2005

Pa Ti :)


O que eu sonhar, agora, realizar-se-á.
Disseram-me anjos a cantar!
Sussuram o meu desejo aos teus ouvidos...
No futuro, vi-te, cambaleando, a chegar.

Ó árvore que te prostras, devagar
Movendo-te em torno da ansiedade
Reflectes na água uma nudez a espelhar,
Solta as raízes e traz-me liberdade.

Encontro chaves que não abrem tesouros,
Enclausurados em areia e em mar.
Mortes de outrens vêem-me passar,
Mas, deixam-me passear mouros...

Então, fico assim, num local estratégico,
Para lutar de espada em punho...
Espero, na calada, esperta e épica
E, num poema encontro soluções!

Feliz de mim, que vivo o momento,
Que apanho autocarros no pensamento,
Que circulo a sorrir por mim.
Que escrevo versos do nada!

Pois, existes e... assim... tudo me inspira
Porque, bebo dos reflexos do mar,
Que não atrasa a minha chegada,
Que me faz sentir perto do teu olhar...

Feliz! Sou! Olha o meu sorriso :)
Estes versos são para ti!
Assim, simples como o horizonte,
Que é mais do que uma linha,
Que separa o Oceano do céu...
E as estrelas do monte...
Verde como as telas...
Onde pintas a fonte,
Das flores...
Do Norte...


Eli

terça-feira, novembro 15, 2005

O Mar é um Espelho


Caminho por estradas que me passam debaixo dos pés
Rodando assim, como quem gira às voltas no mesmo lugar
Vejo-te em cada imagem, sinto-te como és,
Sandálias nos dedos e apenas um olhar...

O meu olhar percorre sozinho imagens
Que são o espelho de gotas marinhas
O mar reflecte o céu e suas miragens
Viro-me, desnudo as minhas...

Olho todos os dias para esse espelho do outro lado
Que toca músicas em silêncio e que não cheira a sal
Música que trago no meu pensamento alheado
Hoje cantei os sonhos, os tesouros e o amor fatal
Mas, não te encontrei abandonado...

Outrora sonhei com frotas
Que me vinham buscar
Agora persisto, persigo e revejo-me
Com alguém que não vai fracassar!...

Vira-se a página e só continua
Quem não quis ficar lá atrás
Tenho uma história para realizar, crua
Quererás escrevê-la? Serás capaz?



Eli

domingo, novembro 13, 2005

Hoje não ignorei os que passam fome...

Há tantas coisas no mundo que finjo não conhecer... Sei da fome, da guerra, da ganância pura, de crianças que não têm uma única coisa no mundo... que nem amor de pais têm...
Hoje, apeteceu-me escrever de dia... a uma hora que não é normal... transmitir a energia positiva que sinto dos raios solares, que me faz continuar...
No entanto, escrevo, agora, à noite...
Penso no sofrimento de milhões de pessoas que não podem optar por outra vida, que não têm sequer a oportunidade de estudar, de conhecer outro lugar, de saber que existem lugares onde a comida sobra...
Não assisto aos noticiários, não leio os jornais, ignoro o que se passa no mundo, sou egoísta. Preocupo-me em ver o lado positivo apenas. De assistir aos problemas dos amigos e tentar alterá-los para que consigam vislumbrar uma solução que eu teimosamente encontrei, quando olhava de fora... porque me contam as suas vidas, porque confiam em mim.
Alimento-me de pedaços de confiança que depositam em mim e mantenho segredos há décadas...
Hoje, penso um pouco naquilo que vai além do meu pequeno mundo, onde exijo, vivo, sorrio e sonho...
Pensei sempre que tinha que sair de lá e ir para longe, porque havia uma missão à minha espera. Tenho medo de não a conseguir cumprir por egoísmo, porque estava só a olhar para mim e a alcançar bem-estar.
Quando ajudo alguém, sinto-me bem e acho que estou a ser egoísta, porque faço-o por mim, porque gosto do que me faz sentir. Estarei a ser correcta ao gostar de ser reconhecida pelo que faço?! Talvez nem saiba ser altruista...
Depois, sinto-me mal, porque como chocolates que tanto me fazem mal, quando há tantas crianças que nem pão, água, ou leite têm...
Hoje o meu pensamento vai para os pequeninos que não têm nada, porque são esses que precisam de ser lembrados e mais merecem os meus pensamentos... mesmo que seja apenas por este dia e pelas horas em que não pensei nas pessoas que me estão longe e das quais tanto gosto.

Eli

domingo, novembro 06, 2005

As pessoas fazem os lugares

Dali

Já disse tantas vezes "as pessoas fazem os lugares"... tantas que não as posso contar!
Usei muitas vezes esta expressão, porque onde quer que estivesse com aqueles que gosto, eles transformavam esse sítio num local feliz.


Era uma vez uma Borboleta muito clarinha, era tão clara que os raios de sol passavam através dela... parecia transparente, tanto que quase não fazia sombra!
Um dia, um pastor que andava num dos campos que ela frequentava, reconheceu nela uma marca de beleza natural e resolveu que no dia seguinte iria fotografá-la.
A Borboleta viu o pastor a olhar para ela com tanta atenção que se sentiu constrangida. Mas, logo o pastor partiu e ela ficou mais descansada. De qualquer forma, sendo uma Borboleta prevenida, resolveu pedir a uma Tulipa que a ajudasse da próxima vez que isso acontecesse. A Tulipa concordou.
No dia seguinte, assim que a Borboleta viu o pastor aproximar-se com a máquina fotográfica e correu para dentro da Tulipa que fechou as suas pétalas, escondendo-a.
O pastor ficou muito zangado, pois não encontrou a Borboleta no meio de tantas flores!
A Borboleta nunca mais foi vista. Então, o pastor resolveu pintar uma tela para perpetuar a imagem que tinha dela.
A Borboleta acabou por ficar sempre dentro daquela Tulipa, optou por não mostrar a sua beleza a mais ninguém e sucumbiu.
A Tulipa deixou de o ser e tornou-se em mais do que uma flor, transformou-se num lugar, as suas pétalas ganharam vida humana e povoaram o mundo de Amor.

A prisão mata.
As flores têm vida própria.
As telas perpetuam sentimentos.
As pessoas fazem os lugares!!!

Eli Rodrigues

sábado, novembro 05, 2005

Estória da Gaivota que se apaixonou pela Lua


"Era uma vez...", começava o velho contador de histórias. As crianças corriam para junto dele, sentavam-se na mantinha, com "perninhas à chinês" e fechavam os olhos para melhor ouvir e imaginar o que ele contava!

"Era uma vez um planeta chamado Terra. Ele não tinha luz própria, por isso contava com a luz de uma estrela muito especial que se chamava Sol. Na Terra, habitavam muitas formas de vida, tantas que, nunca chegarei a conhecer nem metade.
Um dia, a Terra foi perdendo algumas dessas espécies... até que ficou apenas com uma única Gaivota. Ela não tinha companhia, não sabia da existência de mais nenhuma como ela, só via a Terra e o Sol... até que, um dia viu algo diferente no qual nunca tinha reparado: era a Lua!!! Esta brilhava, branca, opaca. A Gaivota começou a reparar que ela ia mudando de lugar, mas estava sempre ao seu alcance, viu nela a sua única companhia e foi-se apaixonando... deixou de procurar comida e morreu.

Acredito que, quando tenha morrido tenha ido morar para a Lua, pois lá extistiam formas de existência superiores àquelas que estragaram o planeta Terra."

Isto diz o velho, mas eu suponho que ela morreu, porque não obtinha nenhuma resposta da Lua, a distância foi fatal. Ela só via esse amor (homossexual) e não conseguia ver que o amor é liberdade. O amor platónico matou-a!

Eli Rodrigues


Esta estória (prefiro "história", apesar de saber a diferença, blá, blá), parca em palavras, foi escrita pela sugestão de antonior(http://coresepixeis.blogspot.com/). Já vários o fizeram e aconselho a escreverem a vossa estória também inspirada nesta imagem!!!

Ah! Já agora, aconselho a leitura do livro "Fernão Capelo Gaivota", que um amigo me emprestou há uns anos e do qual não me esqueci! (Não me esqueci do livro, nem do amigo!)
:)

quarta-feira, novembro 02, 2005

Flores que atiro...

Há saudades que nunca irei matar.


Em cima de terra negra.