Agora nem nómada, nem emigrante.


domingo, fevereiro 27, 2011

H #13

Quando acordei, olhei para aquele livro, metade escrito, metade por escrever. Abri-o e o papel caiu. Então, pensei, se ele quer que eu escreva no espaço branco, eu hei-de escrever. Se valerá de alguma coisa? Provavelmente, não. No entanto, já tinha feito tantas coisas que não chegaram a conclusão nenhuma...

Peguei na minha caneta preta. Preferia a tinta preta para escrever coisas minhas, coisas pessoais, coisas íntimas, coisas... escrever.

Não consegui. Comecei por rabiscar, rascunhar, riscar e, quando terminei, tudo se reumia a um H.

Ouvi baterem à porta. Vesti qualquer coisa e fui a correr abrir. Vi um desconhecido a transpirar.

D. : Bom dia, desculpe incomodá-la. Era só para lhe pedir a chave da cabine do gás para fazer as obras que a sua senhoria me pediu.

Eu : Ah.

Voltei-me, fui buscá-la e entreguei-lha.

Quando ele se foi embora, observei-o com atenção a afastar-se. Pareceu-me bastante atraente.

Eli

Blog feito com amor



Eu vi amor aqui e ali... tal borboleta beija cada flor...

Trouxe este prémio do blogue Santo & Pecador. Achei que ficava bem aqui.

Quem quiser o prémio, pode e deve levar, partilho-o com todo o gosto.


Eli

:)

Answer



Ouvi dizer que tinhas uma máscara
Fixa nos parâmetros da solidão
Incandescente até mais não
Cara tapada, dias sem cara
Imaginando os mares revoltos
Ao meu lado, um sorriso rasgado
Lento, lento... com os gestos soltos
E apressado, apressado, apressado
Compensando a ausência do mistério
Avaliando a capacidade
Velha, gasta, branca de saudade
Areias percorridas sem chão
Lamentando
Há muito a verdade
Encontrada no desafio
Inteiro, bravio
Rindo, sendo gente
Olhando quem faço feliz.

Eli

:)

sábado, fevereiro 26, 2011

Sobre as Gordinhas

Encontrei o texto que passo a citar num blogue. Li este post e achei que ficava lindamente aqui, simplesmente porque me apetece. Está escrito em português do Brasil, mas com o novo acordo ortográfico, ficam poucas as diferenças. Talvez choque alguns. Quem estiver de dieta, não leia por favor. Depois não digam que não adverti os(as) mais sensíveis!



A preferência pelas gordinhas, dizem os psicanalistas, reside na sensualidade natural que possuem, ao contrário das magras, cada vez mais masculinas.

Teorias e opiniões que tentam explicar o poder de sedução das gordinhas sobre alguns homens não faltam. Para o psicanalista Paulo Sauberman, todo esse apelo pode ter na origem o fato de essas mulheres serem extremamente sensuais e femininas, ao contrário das magras, que ficam cada vez mais masculinas ao tentarem se adequar aos padrões de beleza mais modernos.

“As gordinhas possuem curvas bem femininas e pele macia. Já as mulheres mais magras estão perdendo a cintura, fazendo musculação e trabalhando o abdômen. Alguns homens podem estar rejeitando esse novo padrão estético feminino, extremamente masculino (e em alguns casos assexuado) e se interessando pelas mulheres que ainda conservam sua feminilidade. Nesse caso, as gordinhas certamente estão em vantagem”, conta.

OBRAS DE ARTE – Sauberman diz ainda que o fato de que, em outros períodos históricos, como a Renascença, o padrão de beleza feminina ter sido baseado nas gordurinhas em excesso mostra que o fascínio por esse tipo de corpo não é novo. “A gordura, durante muitos anos, foi sinónimo de beleza e sensualidade. Grandes obras de arte retratam isso. A preferência de alguns homens de hoje por esse padrão pode mostrar também que nem tudo mudou com o tempo. O corpo magro pode até ser o símbolo atual, mas o importante é que há espaço para todos os gostos”.

Já para a psicanalista Ana Lúcia Melgaço, os homens que procuram as mulheres mais gordas podem estar procurando na verdade uma relação de aconchego e de proteção.

“As mulheres mais gordas inspiram o colo, o conforto e a figura materna. Algumas esculturas populares, inclusive, transformam mulheres mais gordas no encosto de um sofá, o que indica a tendência. Isso não significa, no entanto, que esses homens estejam procurando uma mãe para suas relações, mas a sensação de proteção que as gordinhas proporcionam pode ser um elemento de sedução”, diz.

Segundo Ana, outro possível desejo dos homens baseado nas mulheres mais gordas é o da fartura. “Neste caso, os seios grandes e fartos são o símbolo maior. As gordinhas inspiram abundância e isso pode ser extremamente atraente”.

Homens declaram seu amor pelas cheiinhas e ressaltam: a silhueta fina de top model não tem nada de sensual.

A empresária Elizabeth Gomes, de 1,56m de altura e 88kg, ficou curiosa quando uma de suas amigas disse que tinha um irmão que adorava namorar mulheres gordinhas. Como ela também tem gordurinhas em excesso e estava sozinha, resolveu marcar um encontro para conhecê-lo. O resultado não poderia ser melhor: um namoro que já dura quatro meses.

“Foi paixão total à primeira vista. Ele é tudo que eu sonhei. Outro dia, apareceu com uma torta de chocolate para mim. Eu logo recusei, dizendo que estava de regime. Sabe o que ele fez? Disse que tinha trazido a torta porque eu precisava manter o meu corpinho! Agora ele vive me trazendo tortas de presente. Diz que faz isso para eu manter a forma”, conta.

O namorado de Elizabeth não é o único homem a se declarar fã das mulheres gordinhas. Para muitos, a silhueta esquálida das top models está longe de ser atraente. “Sexy mesmo é aquela curvinha, que revela a gula bem feminina. Minha namorada é linda e cheia de vitalidade. Além disso, tem uma simpatia e um sorriso que são raros em pessoas magras, que se torturam em regimes e vivem de mau humor. Não a trocaria por nenhuma modelo escultural”, diz o empresário Roberto Torres dos Santos, que namora a administradora Érica Monteiro de Souza, com 1,60m de altura e 98kg.

Ele tanto insistiu que a namorada desistiu dos regimes que fazia há mais de dez anos: “Sempre digo que gosto dela do jeito que ela é. De que adianta sofrer para emagrecer e perder junto o brilho do sorriso? Ela é linda e não precisa perder peso”.

MAGRAS ESNOBES – Muita gente famosa também vê atrativos pelo excesso de peso. Para o ator Caio Blat, as gordinhas têm uma sedução especial: “Não acho que a aparência é fundamental em um relacionamento amoroso, mas confesso que as meninas gordinhas esbanjam sensualidade e simpatia e isso é importante. Muita garota magra e linda não consegue ser assim”, comenta.

Já a atriz Marilena Cury, orgulhosa em mostrar seu excesso de peso, diz que muitos homens se sentem atraídos por essas mulheres porque as mais magras são, em geral, bem mais esnobes.

“Os homens adoram sexo e as gordinhas sabem disso. É por isso que nós fazemos o maior sucesso. Já as mulheres mais magras gostam de ser mais difíceis”, conta.

PRECONCEITO – Marilena diz que não tem problemas com o excesso de peso e sempre se acha bonita na frente do espelho. “Sou extremamente sexy e muitos homens concordam comigo. Adoro ser gorda, adoro sexo e estou muito bem comigo. Esse é um dos segredos de ser sedutora e atraente”, diz.

A apresentadora Silvia Poppovic diz que o mais importante é que muitos homens estão largando o preconceito e assumindo que gostam mesmo das mais cheinhas.

“Isso é muito positivo. O padrão de beleza atual, de mulheres magras demais, está completamente fora da realidade. Muitos homens estão assumindo que gostam mesmo é de carne e boas curvas e mostrando para as mulheres que não é fundamental seguir a tendência da moda”.

Mas Marilena Cury diz, no entanto, que nem todos os homens conseguiram superar os preconceitos. “Conheço gente que adora mulher gordinha, mas tem vergonha de ir à praia com ela ou de sair na rua. Bom mesmo é mostrar aquela loira de corpo escultural para os amigos. Nos Estados Unidos, por exemplo, esse é um preconceito que praticamente não existe mais”.

Leonardo Valente



Agora, vou só ali comer um chocolatinho e já volto para ler e responder aos vossos comentários.

HEHEHEHEHEHE

Eli

:)



sexta-feira, fevereiro 25, 2011

Acabar versus Começar


Às vezes, as coisas começam ao contrário.

Como acabam?

Nunca sabemos.

A única certeza é que tudo termina, mesmo sem haver uma conclusão.

Para existirem, têm que iniciar. Podem é desaparecer num segundo.

Eli

:)

Um dia feliz





Hoje sinto-me tão bem! De manhã, antes de sair de casa, olhei-me ao espelho e pensei que estava mesmo bonita!

:))

Por isso, procurei uma música/vídeo que me faz sorrir para partilhar esta boa disposição!

:)

Be happy

Eli

:))

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

H #12


Coloquei uma música e hesitei. Por uns momentos, não li. Fiquei a sonhar com uma réstia de esperança.

No bilhete estava escrito:

Deixo este espaço em branco para que possas escrever a tua história. Eu preciso de me afastar. Tenho decisões a tomar das quais tu não fazes parte. Vou fazer uma viagem.

H

Deixei-me cair sobre o sofá. Relembrei aquela manhã, aquelas noites, aquele tempo (perdido?!) que esperei por ele observando as estrelas e as ondas do mar. Tinha chegado o dia de deixá-lo para trás na minha vida.

Ouvi a música, reli o bilhete, olhei para o espaço em branco e senti que tinha que me afastar. Não o iria procurar.

Definitivamente, precisava de um pão fresquinho com manteiga pura e algo quente para beber. Afastei as madeixas do cabelo para trás. Estavam secas. Senti que tinha passado mais tempo no sofá do que imaginei.

Escureceu. Registei a nossa história num caderno branco sem linhas, juntei o bilhete àquelas páginas e adormeci.

Eli

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

H #11



Algum tempo depois, levantei-me do colo dele. Tocou-me levemente na ferida que tinha na cara. Perguntou-me o que tinha acontecido. Balbuciei algumas palavras com os olhos semi-cerrados. Com a sua ajuda, levantei-me devagar, bebi um pouco de água.

H : Eu levo-te a casa.

Eu : Lá sabes tu onde é a mi... ah, pois, tu sabes. Como é que descobriste?

H : Procurei uma pista durante algumas horas seguidas a passear pelas ruas daqui. Foi só afastar-me um pouco mais que vi a tua...

Eu : ... biclicleta.

Interrompi e não disse mais nada. Acompanhou-me em silêncio. Abriu-me a porta. Sentia a roupa ainda molhada e pedi-lhe para se ir embora. Queria ficar sozinha. Ele saiu. Quase o empurrava.

Tomei um banho, quando voltei à cozinha, encontrei um bilhete no chão. Tinha sido deixado debaixo da porta.


Eli

terça-feira, fevereiro 22, 2011

"Desejo post alegres 2011"


Não percebi bem qual é a intenção, mas resolvi aderir antes que me chamem de "cortes"!

HEHEHEH

As regras são:


1-Colocar nome e endereço do site que a indicou:

Este mimo foi-me oferecido pela Sus do blog Suspiros da Alma.


2-Dedicar para cinco seguidores assíduos e cinco seguidores novos do blog:

Ora, aqui vai:
 
Blogues com barba já a ficar grisalha:
 
Pé de Meia
 
O Sabor da Palavra
 
Misantrofia
 
Rafeiro Perfumado
 
O Lado B da Vida
 
 
Blogues novos (para mim):
 
Pedro Gaivota
 
Diário de Uma Presidiária
 
Não Compreendo as Mulheres
 
Areia a Mais para a Minha Camioneta
 
Myosotis
 
 
 
 
Eli

domingo, fevereiro 20, 2011

Porque hoje voltei a acreditar no Amor...




...partilho convosco este vídeo que guardo no meu pc, pois ajuda-me a sonhar (ainda mais).

Eli

:)

H #10

Imagem de Eli


Estava a lavar as mãos, frágil, mal me segurava em pé, quando resolvi chamar por ele. Não me respondeu. Comecei a duvidar da sua espera, mas logo pensei que não iria embora sem mim. Foi então que ouvi uns passos e imaginei que devia ser ele.

Pela sombra no chão, reparei que não era. Comecei a sentir medo. Estava na casa de banho masculina e um homem desconhecido iria entrar. Pensei em andar o mais rápido que conseguia. Vi-o. Possuía uma grande estatura. Estava vestido com umas roupas sujas. Abriu um sorriso mórbido, negro. Assustei-me. Queria fugir, mas não tinha por onde. Parou junto à porta e olhou-me com os olhos esbugalhados de raiva. Cheguei-me para trás. Avançou com três passos firmes, agarrou-me nos pulsos e encostou-me à parede. Comecei a gritar umas vogais quase mudas. Pôs os seus pés em cima dos meus para que não me mexesse. Quando me largou um braço para me levantar a saia, dei-lhe uma bofetava com toda a força que ainda me restava. Ele fez-me o mesmo. Só que foi tanta a violência que caí no chão. Pensei em desistir. Comecei a chorar. Ele grunhia. Quando se baixou, dei-lhe um pontapé entre as pernas, rebolei-me e consegui sair dali. Escapar-me, escapar, pensava, pensava. Senti que ele não tinha vindo atrás de mim. Quando cheguei cá fora, senti o Sol forte a bater-me nos olhos e não conseguia ver. Mesmo assim não parei de correr pela praia fora. Quando senti a água do mar debaixo dos pés, olhei para trás, vi que estava sozinha, então deixei-me cair. A água fria ia e voltava. Sentia dores no corpo todo. O mar beijava-me a face. A água salgada misturava-se com o sangue. A pele ardia-me.

Não sei exactamente quanto tempo depois, o H apareceu e perguntou-me o que tinha sucedido. Não consegui falar, nem tampouco tinha forças para sair dali. A água tinha-me anestesiado. Era a primeira vez que tomava banho de mar num Inverno profundo. Levou-me até à areia seca.

H : Tinha ido buscar-te água. Toma, bebe.

E eu só consegui chorar no seu colo.

Eli

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Da parte menos boa



Lembro-me de ser pequena e de ser tratada quando estava doente. Felizmente nunca fui obrigada a permanecer no Hospital. Em casa, recebi aquela atenção... tanto que cheguei a dizer que estava doente só para receber os tais mimos. O que é certo é que dei-me conta, com o passar do tempo que estar doente é também estar triste, porque não tenho quem trate de mim e sinto-me sozinha. Precisava de alguém que me ajudasse agora e não tenho. Pronto. Com os problemas é assim também. Orgulho-me muito de ser independente, mas que custa, custa!

Eli

H #9

Imagem de Eli

Aceitei a sua proposta com um simples...

Eu: Sim.

Pediu-me que voltasse à praia mais uma vez e que me iria esperar. O encontro seria pela madrugada, ao raiar dos primeiros beijos do Sol na superfície do horizonte.

Quase não dormi com a excitação do encontro. Era inevitável.

Pelo nascer do Sol, brindou-me com o seu sorriso radiante, quase tímido, mas muito generoso.

Estava à minha espera. Por uns instantes pensei que nem devia ter vindo. Deveria vingar-me e fazê-lo esperar tal como me tinha feita outras vezes. No entanto, eu queria aquilo e se nunca tinha fugido que realmente queria, não havia de ser daquela vez.

Rodeou-me a cintura com os braços e estremeci.

Passámos horas ali. Ele tocava na minha pele como se de seda se tratasse. Primeiro, coloquei as palmas das mãos viradas para cima. Ele colocou as dele viradas para baixo, sem me tocar, só para sentir a energia da aproximação. Inexplicável.

Não sei bem porquê, aliás, nunca sabemos, começou a doer-me a barriga. Primeiro, foi apenas um desconforto. Depois começou a piorar e tive que falar. Expliquei-lhe que não me estava a sentir bem. Fomos até à praia, mas estava tudo fechado. Que precisava de uma casa de banho urgentemente. Comecei a transpirar. Já não via bem. Passado algum tempo, tudo o que via na rua, desde os caixotes do lixo às pouscas pessoas que passeavam no calçadão provocava-me alucinações. Comecei a imaginar coisas irreais, imagens de situações que já tinha lido eram projectadas. Eu sabia que tudo aquilo não estava ali, mas não conseguia evitar. Era um estado de loucura tal que tive que lhe dizer para me deixar ir embora. Ele não me queria deixar sozinha. Então, lembrou-se de uma casa de banho do outro lado da praia. Só a parte dos homens é que estava aberta. Que situação tão constrangedora. Ele ficou a guardar a área e eu lá fui.

Enfim, nunca tinha imaginado que aquilo poderia acontecer. Lá se foi a magia toda... pensei.

Eli

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

Last Year

Imagem de Eli

Excepcional. Sim. Eu podia ser. Podia. Não quero. Até podia dizer outras coisas e mudar algum sentido e usufruir do rumo da viragem e da oportunidade. Mas, não quero. As raízes que me pertencem, mas regras que não são minhas, os dedos, o toque. Tudo está assim para que o meu coração sinta. Preciso de o sentir sempre. Passa um ano do abraço. As pegadas derreteram, os sorrisos apagaram-se. E eu? Permaneço fugidia. Eu sabia que era melhor dizê-lo na altura, com uma capa de ferro e espada em punho. Tempo depois não ajuda, não alivia. Sem explicações... um lugar será um caminho, um sinal...

Eli

terça-feira, fevereiro 15, 2011

H #8

Fonte da Imagem (clicar)


Desta vez não esperei. Calquei a brisa muito de devagar. Já nem sentia. Estava anestesiada. Pensei em olhar para as estrelas mais uma vez. Porém, não o fiz, não por falta de coragem, mas porque já não acreditava naquilo que sentira. Preferia fitar o chão. Naquele momento, não havia amor, nem desespero, nem uma réstia de tristeza. Apenas uma palavra relembrava as minhas horas de outrora: frieza.

Pé ante pé, segui pela linha que dava até minha casa. Já nem conseguia pedalar na minha velha bicicleta tão feminina, tão cheia de luz. Apenas sacudia o peso dos ombros e olhava para baixo. Os meus passos adiantavam-se, assim como o tempo.

Na manhã seguinte, fiz tudo mecanicamente. Apenas uma coisa me fazia seguir: responsabilidade. Acordei racional, seria muito mais simples tomar uma decisão desprovida de sentimento.

O Sol brilhava pouco, apenas as nuvens tentavam ofuscar-me com o seu branco. Pestanejei para tentar ver além. Quando consegui abrir bem os olhos, vi que alguém estava encostado ao meu carro. Uma silhueta fez-me logo pensar "é ele"!

Aproximei-me lentamente. Outra cena de filme. Ultimamente parece que estavam sempre a contecer.

Era ele. Comecei a ficar vermelha de raiva e de ... de... nem sabia muito bem como o descrever.

Eu : O que é que estás aqui a fazer?

Olhou-me de cima a baixo. Após uma pausa, tirou os óculos de Sol, olhou-me nos olhos e disse-me:

H : Venho fazer-te um convite/proposta.

Eu : Como é que sabes que moro aqui?

Então, ele fez um gesto. Apontou com a cabeça para a minha bicicleta. Ela denunciou-me.

H : Procurei bem.

Sorri.

Eu : Afinal o que queres dizer?

A minha voz estava menos fria, mas continuava segura.

H : Quero que venhas comigo.

Eu : Agora não posso. Vou trabalhar. Devias fazer o mesmo.

H : Não precisa de ser agora. Eu espero-te.

Eu ri-me bem alto, com um ar de quem troça, desacreditando-o. Ele ficou em silêncio, pegou na minha mão e disse que queria estar comigo. Eu logo lhe respondi que já não acreditava.

H : A minha proposta é que venhas passar algum tempo comigo, onde quiseres, mas sem dizermos uma única palavra. Quero que ouças o meu coração bater e, se as nossas almas conseguirem comunicar como outrora, responderemos a todas as nossas questões, sejam elas quais forem.


Eli

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

H #7

Imagem de Eli


Eu : Não.

Ele deixou a máscara permanecer assim, intacta.

Estivemos pouco tempo juntos. Desculpou-se dizendo que teria que acordar cedo. Fiquei ali, olhando todas as pegadas na areia e imaginando as histórias das pessoas que por ali passaram durante o dia.

No dia seguinte, fui fazer uma caminhada na areia à hora de almoço. Sentir o Sol de Inverno a bater na pele, tirar umas fotografias, a areia debaixo dos pés descalços, relembrar as sensações da noite anterior, escrever poemas com o pensamento... Até que o descobri atrás de uma grande rocha.

Eu : Estás aqui.

H : Estou.

Mexia com os dedos na areia... Fiquei logo a pensar por que é que não me tinha enviado uma mensagem a dizer que estava ali. A minha alma sorriu de alegria por o ver, mas fiquei com a sensação de que ele não queria ser encontrado. Custou-me eliminar o nó na garganta, mas acabei por conseguir questionar-lhe sobre a solidão. Então, disse-me:

H : Não quero falar.

Eu : Sendo assim, vou embora. Detesto incomodar.

Comecei a andar com o passo muito acelerado, assim como o meu coração. Senti-me tão estúpida e ridícula. Apressada, apressada. Só queria chegar a casa e voltar a casa, voltar, voltar, depressa, muito, muito depressa.

Quando estava a chegar ao calçadão, senti alguém a agarrar-me o braço. Sacudi-o imediatamente. Pela visão lateral, vi que era ele. Tinha-me alcançado. "Fugir" - palavra de ordem.

H : Espera.

Eu : Não.

Comecei a andar ainda mais rápido, quase a correr. Peguei na minha bicicleta e pedalei o mais rápido que pude. As minhas lágrimas ficavam cada vez mais frias com o vento que as secava... só queria que elas levassem o levassem do meu coração. Estava cansada de sofrer. Queria fugir. Cheguei perto da linha do comboio e a cancela estava fechada. Pensei em avançar, contornava os carros, precisava de parar, mas ouvia-o a correr. Os seus passos estavam cada vez mais próximos. Ouvia-os tão alto como o bater do meu coração. "Que faço? Que faço?!" - Perguntei-me já a soluçar. Queria fugir! Até que voltei a sentir a sua mão no meu braço. Tapei a minha face com as duas mãos e ficámos ali, imóveis enquanto o comboio passava numa velocidade tão alta... as carruagens passavam uma a uma como se cortassem a respiração. Recuperei o meu fôlego. Senti-me como se estivesse num filme e aquele momento acontecia muito mais devagar.

H : Voltas logo à noite?

Eu : Queres que eu volte?

H : Não foi isso que perguntei.

Eu : Sim.

H : Sim.


A noite chegou e ele não voltou.


Eli

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Inspiração

Imagem de Eli

A partir deste momento, este blogue terá música, caso a queiram ouvir. A sugestão vai para a minha música preferida, a que mais me inspirou em todos os tempos deste blogue e não só...

Ofereço-vos este momento com as palmas das mãos abertas em retribuição de tudo o que me têm dado.

Sorrindo ternamente...

Eli

H #6

Imagem de Eli

Nessa noite, distanciei-me de mim. Não queria mais sonhar. Afinal todos os meus sonhos de amor tinham sido sempre ultrapassados por faltas e não, não queria mais... durante muito tempo não queria mais. No dia seguinte, estava a trabalhar, a sua voz entoava por momentos e eu procurava sempre distanciá-la, embora fosse muito difícil. Não voltaria a procurá-lo. Imaginei-o sem vontade de me ver. Assim era mias fácil. Arranjar um mecanismo. Não queria ser um peso. Sentia-me responsável por uma aproximação e agora tinha que procurar o afastamento... mas, assim, também a dor.

Tinha acabado de chegar a casa e, enquanto descalçava os sapatos lentamente, recebi uma mensagem:

H : Espero-te.

Hesitei.

Massagei os meus pés - fingindo para mim mesma que nem estava interessada - enquanto o meu coração batia depressa e queria ir ter com ele. Eu queria pensar devagar, tomar a decisão de não ir, muito calmamente...

Mas...

... quando dei por mim, estava já calçada e corria para a porta. Impulsiva, sempre!

"Só sei ser eu" - pensei.

Agarrei nas chaves e em menos de cinco minutos já conseguia vislumbrar aquela imagem vermelha. Sentia o mar e vislumbrava cores quentes.

Ele, quando me viu, fitou-me com o olhar e pediu-me que se sentasse a meu lado.

H : Queres que tire a máscara?


Eli

:)

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Isolada

Imagem de Eli

Não ouso ser uma princesa, nem sequer sonho ser raínha. Como seria possível complicar ainda mais as metades das músicas que me enviam?! Sem o preto e o branco, calco o cinzento e vislumbro o verde por momentos. Entes, coisas, sonhos... tudo povoa o meu tempo numa fé mais do que provável, certeira, certa. Emociono-me sem saberem. Deixo que os meus olhos sejam vistos de perto por lentes tentadoras. E os pensamentos ficam. Não fogem. Estão. Não sei bem o que faço, ou o que fazer. Mas, como disse uma amiga em tempos "não descartes nenhuma opção". Neste momento, não tenho nada, mas tudo sorri à minha passagem.

Eli

:)


domingo, fevereiro 06, 2011

H #5


E os dias foram passando. Uma semana... e nada. Eu não conseguia esquecer-me por mais que tentasse. Remendava o meu coração entre a palpitação e os batimentos secundários. Esperava.  Desesparava. Nove dias depois, ele apareceu com aquele sorriso do costume. Quase sem máscara, confessou que se tinha lembrado de mim, na ausência, explicando-se logo com uma urgência familiar.

Eu não podia cobrar... embora tivesse uma enorme vontade de o fazer, não optei por esse acto castrador. Ele resolveu contar-me sobre a sua vida. Fiz-lhe algumas perguntas que nunca tinha feito. O seu estado civil começou a ter um grande peso. Então, lá fiz essa questão um pouco a medo e ele ofereceu-me um silêncio inquietante...

H : (...)

Pela primeira vez, fiquei sem saber o que dizer. O meu desespero fez-me pensar que ele era casado e aquela dança em que mergulhei teria que parar imediatamente. Senti-me traída e comecei a imaginar uma família por detrás das suas ausências. A sua música, que ainda entoava na minha cabeça, parou finalmente, diante daquela escuridão. Mil pensamentos, mil hipóteses. Então, pegou na minha mão e, uma lágrima escapou-se dos seus olhos quentes de mel.

H : Viúvo.

Foi nesse momento que engoli em seco todas as minhas palavras ocas, todas as minhas dúvidas existenciais, todo o meu sofrimento. Respeitei o seu silêncio. Soltei a mão.

Olhei em volta, senti o lugar. Havia muita gente à nossa volta. Os casais passeavam de mão dada, as famílias sorriam à volta das crianças e eu, voltava a ser eu. Descalcei-me e fitei as ondas com os pés.

Eli

:)

sábado, fevereiro 05, 2011

"Angel"

Partido


Às vezes, uns segundos fariam toda a diferença.

Eli

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

H #4

Imagem de Eli

Ainda que o sofá vermelho tivesse perdido a cor, eu preferia mil vezes os nossos passeios à beira-mar. Foram três dias seguidos. Ele procurou-me e eu deleitava-me com a sua presença.

Trouxe a guitarra e tocou para mim.

H- Querida...

Eu sorri e deixei-me ouvir. Deitei-me na areia. Via apenas o céu a escurecer mais e mais pela madrugada. Não proferi qualquer palavra. Só queria sentir, sentir, sentir. Chorei de tanta emoção. Parecia que aquela canção tinha sido escrita para mim. Enquadrava-se perfeitamente.

Mas, nunca quis aquela perfeição, a dos outros. Apenas a minha imperfeição feliz.

No dia seguinte, não esperei pela sua mensagem, como nos outros dias. Estava tão ansiosa, que fui a correr até àquele lugar... O nosso. Quando lá cheguei, desenhei um coração enorme no chão. Sentei-me dentro dele e esperei. Esperei tanto, até que o meu próprio (coração) se sentisse pequeno fosse perdendo pedaços no meu caminho de regresso a casa. Fiquei a pensar nas modernices. Aquele pedaço de papel onde ele podia escrever uma mensagem para eu ir ao seu encontro, não tinha o outro lado. Não podia ser eu a enviar a mensagem. Senti-me ridícula, inútil. Fiquei com aquela música que me dedicou... Parecia que estava sempre a tocar dentro da minha cabeça. Eu queria calá-la, mas não conseguia.

Eli

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

À Loucura, À Luxúria

Imagem de Eli


Escorrias baba


Escorrias desejo

Tudo à nossa volta rodava

E eu mordia-te o beijo



Um arrepio puxava-me as veias

Num orgasmo de êxtase

Os sons mudos perdiam-se

Um comboio passava e gritava



Em cada sílaba um toque

Em cada suavidade, paixão

Esquecer a ravina, o perdão

Entrar num espiral de choque



Entrego-me à loucura, à luxúria

Esquecida pelos momentos de fúria

Esqueço-te, amargamente, salvando-me

Mantendo o desespero dos corpos.



Eli Rodrigues



:)

Texto escrito para a Fábrica de Letras.

Tema de Fevereiro: Loucura

terça-feira, fevereiro 01, 2011

Apoio



Muito obrigada pelos comentários que têm feito neste blogue, mesmo quando não mereço. (É quando mais preciso!) Este blogue é uma parte de mim e, como cheguei a dizer num jantar de blogueiros, ele está sempre lá. Nesta caso, cá. Embora eu esteja em  constante mudança... daí o "Eu sou nómada"...

Então vou voltar a responder aos vossos comentários!

Eu sei que nunca devia ter deixado de o fazer, mas às vezes a inspiração fica bloqueada e, como escrevo sempre o que sai, não me saía nada... embora tivesse muito a dizer, como sempre. Peço desculpa a quem esperava uma resposta (podem cobrar).

Eli

:)