Agora nem nómada, nem emigrante.


segunda-feira, agosto 27, 2012

Conhecer


Sempre que começo a conhecer alguém novo, dou-lhe sempre "crédito". É como se viesse logo incluído com todos os benefícios da dúvida e por aí adiante. Isto claro se houver o mínimo de empatia entre nós. Se for um espécime masculino em quem eu tenha um interesse em conhecer melhor, gosto de lhe dar prioridade, mesmo que ele nunca se aperceba, mesmo que ele nunca tenha vindo a saber... ou mesmo que saiba, porque eu até sou bem capaz de lhe dizer... isso e muito mais. Na verdade, é um potencial amigo e, na verdade, só não é meu amigo quem não quiser e... claro, futuramente, quem não o merecer. Os meus amigos não são poucos, mas cada um ocupa o seu lugar com aquela particularidade, pois já nos aceitámos e respeitamos como somos. No amor, a coisa é mais ou menos o mesmo, como diz a Bridgit no seu diário "ele ama-me tal como eu sou".
 
Eli
 
:)
 
 

De mim


Eu esforcei-me, eu juro que me esforcei, mas não consegui... então, agora, parece que o mundo me deixou aqui, assim, completamente sozinha. Os meus olhos desfocam-se e já nem sei o que quero ver. Por que razão me entristece tanto ter que abandonar diariamente um sonho que sempre me preencheu?! Não toco por puro prazer, toco por necessidade, porque há um qualquer objetivo em me manter viva... e esta música troca-me os acordes de uma ponte qualquer, aquela que não...
 
Há uma tristeza no piano que tocou, na música que não ficou e naquilo que sinto quando se trata de rejeição. Eu esforcei-me por não vir aqui escrever-te, escrever-nos, eu tentei mesmo, mas perante as lágrimas, preciso de despejar, despachar, assombrar, assombrar esta capacidade que tenho de me entregar... que nunca me levou a um porto seguro. Sim! Nunca! Era isso que tinhas que ter lido hoje.
 
Afoguei-me vezes demais. Não soube nadar, nem saberei jamais, por mais que me esforce, apenas apanhei boleia em embarcações masculinas. Isto não é um poema, mas é "ajudado".
 
Já não pergunto "será de mim?", porque eu sei "é de mim".
 
Eli

segunda-feira, agosto 20, 2012

O amor acontece #17 (por S.)



«Revia todas as manhãs, tardes, noites, horas do nada, do tempo morto, vazio, as lições que as outras vidas ou histórias de fantasia lhe conferem, a juntar à sua...
Repetia o gesto, a palavra soberana, a fórmula certa, a chave, aquilo que julga entender e que intuitivamente entende a cada primeiro olhar cruzado...
Olha-se ao espelho, conta rugas, linhas em que se desdenha e que de pronto se corrige...foi vida...
Desde cedo tivera essa tendência, que alguns ajuizariam de narcísica de se olhar ao espelho...não para o corpo que assumiu já tantas formas, mas para o rosto especialmente...para a boca de lábio grosso, o nariz orgulhosamente empinado e enfim o manifesto reflexo da sua alma...os olhos avelã, de pestana parca e brilho dependente do estado do sentir...queria manifestamente, desde a primeira vez que tomou consciência desse gesto, decorar a sua cara em cada idade...ao ver-se hoje a entrar na barra da idade mais que madura, teórica, ainda se vê adolescente, apaixonada, noiva, casada, grávida, amante extasiada, desgostosa, só...como é possível desenlear filmes atrás de filmes em projecções de memórias ao olhar um rosto ao espelho...
Perde a conta do tempo, basta pouco para ser tanto e diz a si mesma, na voz inequívoca de Deus dentro, palavra de coração que a eterna questão que se coloca não tem fim...
Por teres nascido com asas, seria evidente que te enamorarias eternamente por pássaros...
Gostas de gaiolas? Não...pois não...nem nas douradas te manténs...
Então porque teimas em agrilhoar o sentir ao evidente equívoco de possuir?...
Se tu não és, nem nunca serás de ninguém para sempre, se já te levantaste após lamberes o corpo e a alma em feridas lancinantes, se constatas que tudo volta a acontecer, afinal o que julgas ter perdido quando te questionas olhos nos olhos contigo mesma?
O amor és tu...convence-te...»


S.

P.S. Conclui-se assim a aprensentação deste rubrica. Fiquei agradavelmente supreendida com a forma como enriqueceram este blogue. Muito obrigada.

Eli

quarta-feira, agosto 15, 2012

Toco


Parece-me que eu toco à distância...

Eli

: ))

segunda-feira, agosto 13, 2012

O amor acontece #16 (por Zeza)


«O som de um momento.
E na altivez de quem chega majestoso, consciente da sua presença, o véu aveludado da noite, ia apoderando-se de mim. Parava tudo à minha volta, por mais forte que fosse o vento, qualquer tormenta ou desalento, só o anoitecer importava, única força que me tomava.
E eu ficava horas, no escuro a observar, cada sombra desenhada, pela luz da "encantada", aquando a sua visita aguardada. Nada sentir, apenas deslumbrar, um quadro primitivo, que todas as noites se repetia, antecedendo o dia.
Uma noite, as sombras mudaram, oscilaram, dançaram. O silêncio foi interrompido por um outro obeservador, sentado perto, quase ao meu lado, soltou palavras de apreço e respeito, pela lua que me movia o peito.
E sem altivez, mas consciente da minha presença, aproximei-me do intruso do meu momento egoísta, em que o luar era a única coisa a valer ser vista.
Se os ramos das árvores dançam no escuro, fazendo das sombras desenho puro, porque não dançarmos também? Que importaria não haver melodia, que importaria o resto do mundo, se naquele mundo não havia mais ninguém?
E na altivez de quem possui uma fortunas, em forma de momento, a emoção foi una, e dançamos, dançamos, dançamos sem parar, entre sorrisos, olhares, gestos e outras formas de falar, e dançamos, como quem dança, ao som de música nenhuma, apenas a do coração a disparar...»

Zeza

P.S. Obrigada pela participação e reflexão.

Eli

:)

sábado, agosto 11, 2012

Amor Verdadeiro?



Ele não gostou da minha música preferida. Ainda bem que era um Ele qualquer, sem significado (aparente), apenas mais uma tentativa de conhecer alguém, nas esquinas da vida... Às vezes gostava que alguém caísse na tentação de me amar, de me amar verdadeiramente e que fizesse tudo ao seu alcance para me fazer feliz... e olhem que não é difícil. Como eu me alegro com uma simples conversa boa, uns sorrisos à mistura, uma vontade de rir... e entretanto apetece-me logo fazer planos juntos e deixar para trás uma vida de coisas vãs e sem aquele significado. Eu nunca fui de desperdiçar oportunidades, eu não posso arrepender-me de não ter tentado, porque eu tentei sempre. Será que o meu mal é lutar e deveria esperar por alguém que finalmente lutasse por mim?! Por que não me acontece naturalmente algo que deveria ser igual para toda a gente!? Todos deveriam ter direito a encontrar o amor! Devo ter  feito algo de muito errado. Parece-me que pode ter sido a profissão que escolhi e nunca, mas mesmo nunca questionei. Agora, já posso contar alguns afastamentos depois de observarem a minha condição de nómada. Às vezes eu só queria que me compreendessem... eu queria tanto viver uma história de amor a sério... estou cansada de forjar novidades, de me entregar a uns míseros tostões para que a solidão desapareça de projeto de futuro... mas parece que nada do que eu faço vale a pena... há sempre um enorme travão... se acelero, esborracho-me e é essa a história do meu coração. Antigamente, não queria ler os sinais, mas agora leio-os tão bem... que demasiado visíveis para os ignorar.

Eli


segunda-feira, agosto 06, 2012

O amor acontece #15 (por VS)

«E depois do adeus


Podem não faltar razões e motivos para terminar um relacionamento. Mas, sinceramente, não me parece que se possa identificar vencedores e vencidos. O tal amor pelo outro pode ter acabado, mas para além disso há um vínculo de confiança e segurança que é quebrado. E isto é válido para ambos os lados. É difícil não nos sentirmos uma merda. Se de um lado há quem espere por um telefonema, do outro está alguém que equaciona telefonar.
As coisas até podiam estar muito más, mas eram nossas. Podemos ter a certeza de que ficamos melhores sozinhos e que cada um de nós merece ter ao seu lado alguém cujo sentimento seja recíproco. Mas a segurança e o conforto de alguém que já conhecemos, é tentador. Contudo, é necessário, para o bem de todos, resistir a essa tentação porque repetir o fim será ainda mais doloroso. Eu sei que há excepções e que há quem volte a ser feliz ao lado do ex. Não conheço é muitos casos.
Terminar uma relação não é fácil. Deixar para trás alguém com quem convivemos anos e, em algumas situações, até desejamos que sejam felizes pois sabemos que são pessoas excepcionais. O único problema é não existir ou ter acabado a razão que nos juntou. E é por isso que se recorre aos clássicos não-és-tu-sou-eu, preciso-de-espaço ou podemos-continuar-a-ser-amigos. Estas são as formas mais fáceis de sair de uma relação e que geram menos perguntas. Dão a impressão que se trata de uma situação passageira.
Se é difícil terminar, voltar a encontrar a pessoa que já nos viu nus e com quem partilhamos segredos, sonhos e medos também não é fácil. E mesmo não querendo fazer parte da vida dessa pessoa, queremos estar no nosso melhor, demonstrar que estamos bem, sentir que significamos alguma coisa e que houve uma altura em que fomos especiais. Sentir que por mais anos que passem essa relação deixou a sua marca e que não seremos apenas um comum mortal. Mas a verdade é que não podemos exigir o que não estamos dispostos a oferecer.


VS

P.S. Esta participação surgiu claramente de alguém que veio até aqui através do "não compreendo as mulheres". Agradeço portanto ao Bagaço Amarelo e à pessoa que partilhou este sentimentos com este blogue.

:)

Eli

P.S. Post agendado

quinta-feira, agosto 02, 2012

Adeus's



Tubarões... dormi com eles na mesma cama, enquanto me rebolava para conseguir posição. Abro uma pestana apenas, porque as outras estão coladas pela maquilhagem do adia anterior... o preto desfez-se e o azul atormentou a minha face. Como poderia algum ente da minha espécie me adorar, se passei de humana a animal?! Percorre-me um arrepio desde o olhar até ao joelho. Sem medo, que não sou dessas mariquices, fiz-me ao caminho e deitei-me numa cama tão desconhecida como o meu comportamento, procurando apenas o conhecimento de uma pele quente. Não direi mais não, porque antes um susto pequeno que um grande nada a vida inteira. Assim, atirar-me-ei de penhascos de solidão, batendo vezes sem conta nos rochedos de almas de alguéns que querem a magia que ainda lhes posso dar. Pouca, pois não me resta grande coisa.

Eli