Agora nem nómada, nem emigrante.


quinta-feira, maio 31, 2012

When I Find You, I'll Find Me



You'll find me.

Eli

segunda-feira, maio 28, 2012

O amor acontece #5 (por James Dillon)

"O amor acontece,



     «Amanhã vou encontrar-te, de esquina em esquina, em estradas marcadas pelo tempo, por neblinas Sebastianistas te encontrarei, por trilhos fechados com cadeados de puro ouro ornamentados de pedras preciosas invioláveis, mesmo assim persistirei para te encontrar, amanhã desfraldo velas latinas numa casca de noz e lanço-me por oceanos pejados de borrascas, amanhã, é amanhã.

     Maquiavel pergunta-se "como posso libertar um povo que prefere a escravidão?," destas amarras não quero ser libertado, aqui e agora prendam-me uma âncora ao pescoço e atirem-me borda fora, janela fora, torturem-me: mil dores de ácidos colados a esta minha pele suja são irrelevantes se no fim da equação viro a esquina pela milésima vez e me sorris em longínqua proximidade, mesmo que te reveles uma mera miragem alimentas esta alma perdida entre afagos e suspiros, sofregadamente brado por teu toque em minha pele encarquilhada devido a uma megera de metafísica que insiste empurrar-me na direcção oposta.

     Ontem desprezei-te e vi-te partir sem um olhar para trás, segui teus passos e o meu peito uivou de dor enquanto a distância aumentava, mal o olhar se cruzou pela última vez percebi o erro das minhas acções, incongruência de um coração que não encontra seu lugar neste corpo, dor e confusão numa relação simbiótica, os erros surgem e tarde demais abro os olhos, agora, sento-me neste quarto vazio próspero em recordações tuas que só para mim fazem sentido e olho para o horizonte, meu horizonte, ignoro inúmeras fatalidades de uma cidade imbuída no caos, desprezo gritos de ajuda, suspiros de dor, crises de existência, o único ponto é aquele foco contínuo de luz que marca teu lugar e para onde vou, ao longe meu farol que partiu por pedido e agora não regressa nem com suplica, arrependo-me prostrado de joelhos e lanço maldições e palavras de escárnio a não outro que a mim e à minha indefinição, sem um braço, sem uma perna, sem alma, sim, sem este pedaço no meu peito, com esta dor inatingível não, enrosco-me para chorar mas nem isso me concedem.

     Reúno comigo em concílios internos, em redundâncias líricas desligadas de conexão porque o sentido de A mais B foi suprimido com a ausência da razão pela qual me entregava à necessidade de absorver oxigénio, falo comigo próprio em busca de motivos para com surpresa encontrar seres minúsculos dentro de minha pele em convulsões confusas, em sistematizações desligadas de senso, em busca por algo mais, relembro as minhas queixas, relembro os meus motivos para te pedir para partir, e agora na sapiência tardia questiono uma existência que se revela vazia: sem o teu corpo para tocar, sem o teu respirar para sentir no pescoço, sem a tua pele para arranhar enquanto dormes, sem o teu apoio para escolher que norte seguir, sem a tua companhia para me tornares uno e completo, sem ti rumo para o fim do mundo, entrego-me ao oblívio, caio em redundâncias enquanto dou trinta e três voltinhas por minuto para nunca encontrar saída. Por favor regressa e trás contigo meu coração rendido caído algures no trilho. Por favor regressa e torna-me completo, por favor volta e acalma a tempestade em minha mente, por favor atira-me uma corda antes que o convite para o mundo de Dante se torne irresistível."»

James Dillon


P.S. Confesso que esta participação me surpreendeu. Continuo muito agradecida por partilharem as vossas ideias e sentires neste blogue, que se curva agora perante James Dillon.

Eli

:)

Post agendado

domingo, maio 27, 2012

Preconceito




Eu nem sou de "más línguas", mas ando aqui com uma coisa a modos que entalada e como este espaço serve mesmo para deambular os meus pensamentos mais recônditos e outros que não, aqui estou pronta a despejar! Não é que há dias ouvi esta conversa:

"- Então, como é ela?" - Perguntou a primeira. (Referia-se à maneira de ser da pessoa que namora com o filho da segunda.)
"- Parece boa rapariga..." (Respondeu com um ar tristonho, a segunda.)
"- Então, que é que se passa?" (A primeira quis saber qual era o problema, já que não conhecia a pessoa em questão de quem falavam.)
"- Só que..."
(Tudo em expetativa...)
"- Mas?!"
(Pressionou alguém, pensando já que a rapariga teria um defeito muito grande.)
"- É forte." (Respondeu a mãe do rapaz que namora com a rapariga gordinha.)
(Alguém disse:)
"- As pessoas gordas nao têm o direito a ser felizes?"
(Eu fiquei estupefacta! Acho que o meu queixo caiu no chão. Era um misto de sentimentos que me atormentava.)
(Acrescentou:)
"-É muito boa para o meu filho. Até fomos tomar lá um café na rua onde moram e não nos deixou vir embora sem jantar lá na casa deles."

Lamento que há quem ainda considere o aspeto físico assim tão importante. Sempre vi isso lá na minha terra por (eu) ter sido sempre maior que a média (mais larga, mais alta...), mas sinceramente, pensei que esse estigma, esteriotipo, preconceito, já lhes tivesse passado um pouco. Infelizmente, não!

Eli

quinta-feira, maio 24, 2012

Ele "mexe" comigo


Não sei explicar isto. Deve ser a força da atração masculina, que me puxa para ele. Não me lembro dele quando não estou com ele. Ao estarmos os dois no mesmo espaço, nunca estamos sozinhos, mas só me apetece meter conversa com ele. Não sei explicar bem isto, mas será por estar sempre rodeada de mulheres?! Sinto uma força que me faz meter conversa, fazer planos, dizer coisas engraçadas. Coisa estúpida e nada racional entende isto, mas o emocional também não. Também não vejo a coisa como física!!! Enfim, não estou aqui para explicar, mas porque precisava de "despejar" isto em algum lado. Só sei que me provoca uma atração que me faz não ficar indiferente.

Eli

:)

terça-feira, maio 22, 2012

Princesa do Teu Castelo


Não sei por que vou buscar aquela música, mas a tristeza encoraja uma tal inspiração repentina. A cobardia assola-me os poros e toda eu sou um grito. "Quero sair daqui, nao te quero procurar." O Sol ajudou-me. Precisava mesmo que as nuvens se afastassem para que eu percorresse a caminhada do poder. Quem diria, que cerca de meia hora depois, eu já estaria a bater às portas à tua procura, seguindo aquelas pistas. Eu sei, eu sei, devo ter paciência, mas... eu não sei esperar sem primeiro correr, caminhar, suar. As minhas pernas disseram que te caminhei. Nunca tinha dito tantas vezes o teu nome em voz alta. Os desconhecidos disseram desconhecer-te. Eu sempre soube que não dependia de mim. Mas, eu tenho que ir, sempre. E fui, tal como das outras vezes, mesmo quando só falo da parte em que não fui... Logo a seguir arrebato o medo e vou. Ponho-me ao caminho e entrego as cartas do destino à minha viagem. Não sei bem porquê, mas preciso de te saborear todos os dias e tenho escolhido uma viagem que me faz ficar assim... simplesmente nostalgica. És diferente, és especial, por isso não estabeleci prazos para ti. Eis-me aqui, porque um dia voltarei a ser a princesa no teu castelo, para que me faças rainha... sem contos de encantar, sem coisas de chorar. Apenas nós. E eu sei tão bem o que é isso, porque sinto já tantas "saudades do futuro".

Eli

:)

segunda-feira, maio 21, 2012

O amor acontece #4 (por Manuel Luis)


«O amor acontece. Numa quinta, por exemplo, num domingo de super lua, depois do silêncio da manhã; começa em cafés às 10h da manhã; de repente, no meio de uma neblina na acidez da aurora, depois de uma noite votada à alegria póstuma, que não veio; o amor acontece no desenlace das mãos, como tentáculos saciados, e elas movimentam-se no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor acontece-se; na insónia dos braços luminosos do relógio; o amor acontece nas geladarias diante do colorido dos gelados de figo e amêndoa; e no olhar do cliente errante que passou pelo café; às vezes o amor acontece nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no esvoaçar diferente de um filhote que caiu do ninho; no cantar aflito da Mãe; nas tanjerineiras, nas oliveiras, nos corrimões e nas sílabas do canto; quando um mocho se habitua à estaca empoeirada de polen, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acontecer; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles de vinho à volta das pipas; na semente tantas vezes semeada, às vezes vingada por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos entre o pólen e o gineceu de duas flores; num quarto refrigerado, forrado a madeira, cheio de brilho, onde há mais encanto que desejo; e o amor acontece na poeira que as flores vertem, caindo impercetível no beijo de ir e vir; no autocarro, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se erriça e acontece; no inferno o amor não acontece; no fogo do pinhal o amor  dissolve-se; em Coimbra o amor pode virar pó; no Mondego, frivolidade; no Sobral, tristeza; em Angola, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acontece; uma carta que chegou antes, e o amor acontece; na controlada fantasia do libido; às vezes acontece na mesma música que começou, com o mesmo brinde, diante dos mesmos chilreios; e muitas vezes acontece em ouro e diamante, nos meus Pais com idade avançada dispersando entre as estrelas; acontece nas encruzilhadas de Coimbra, Angola, Algarve; no coração que se dilata e quebra, e o cardiologista Ricardo sentencia o mixoma; na equipa  imprestável para com o amor da profissão; e acontece nos corredores, tocando na porta certa, até se desfazer na sala fresca e iluminada; e acontece de pois que vi as cores dos uniformes que veste o mundo dos proficionais; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes o amor acontece e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua refletindo sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acontece como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acontecer com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articula, e acontece o amor; na verdade; uma bebida; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; no castanho dourado do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acontece; a qualquer hora o amor acontece; por qualquer motivo o amor acontece; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acontece.
Texto baseado em factos reais que aconteceram e acontecem comigo.»

Manuel Luis






É com um enorme agrado que publico (mais) uma participação de um querido leitor.

Eli

:)

(Post agendado.)

quinta-feira, maio 17, 2012

Sim, meu amor, caracóis. Enlaça os teus dedos nos meus... cabelos, dedos... em mim.

Eli

Para ti, que não sabes que este blogue existe.

quarta-feira, maio 16, 2012

Viagens




Às vezes... quantas e quantas vezes... penso... que a vida é como uma viagem.

Há bocado, pensei que  - a vida - fosse como viajar de autocarro, mas os enjoos fizeram-me esquecer a analogia. Voltei logo ao comboio. Queria voltar a ler no comboio. Foi ele que me salvou - de um sufoco - numa das mais difíceis fases da minha vida.

Uma vez, num sexta-feira, já em abril, fui colocada num recôndito lugar de Lisboa. Então, só para não perder o tempo de serviço, resolvi ir à capital só para me apresentar. Afinal, nesse ano letivo só ainda tinha conseguido trabalhar um mês. Portanto, nessa sexta-feira, pus-me a caminho. Fui de carro até Aveiro. Apanhei o intercidades e, à chegada, solicitei o serviço de um taxista, dizendo-lhe para se dirigir à Amadora. Quando lhe especifiquei a morada para a Brandoa, ele disse que se soubesse que o objetivo final da viagem era esse lugar, não teria ido e que havia colegas seus a pensarem como ele. Só não me deixou ali mesmo, porque as minhas palavras (chamem-lhe "lábia") já nessa altura me valiam de muito. Então, apresentei-me na secretaria do Agrupamento onde iria fazer (mais uma) substituição temporária. Ao apresentarem-me à direção (coordenadora), inteiraram-me da turma, problemas, afins. Eu, sempre guerreira, sempre achei que podia tudo... mas esta experiência deu rios de outras coisas que não eram bem letras. Portanto, por falar em viagem, liguei ao meu irmão, que se tinha prontificado para me ir buscar. Expliquei-lhe tantas vezes onde estava "Brandoa, ao lado da igreja, junto a um largo..." e ele dizia que estava lá, no mesmo sítio que eu. Depois de umas (pelo menos dez) chamadas, ele apercebeu-se que estava na Reboleira e que eu não estava no mesmo sítio que ele, afinal. Deve ter perdido a tarde de trabalho para me ajudar. Pelo caminho, em direção à estação do Oriente, apercebi-me que ele tinha perdido muito tempo precioso no seu trabalho. Portanto, deixei-lhe uma nota no carro, para tentar compensar pelo menos o gasóleo... Cheguei a casa já à noite, depois de ter apanhado o carro em Aveiro. Quando aceitei a minha colocação, na aplicação informática, já passava da meia-noite. Algum tempo mais tarde, quando me deram o contrato para assinar, vi que este começava ao sábado. Tentei inteirar-me da causa, ao que me foi explicado, pela primeira vez, que afinal já não contava o dia da apresentação pessoalmente, mas sim o da aceitação na aplicação informática, para efeitos de início da contratação. Portanto, fui a correr para Lisboa, no próprio dia em que fui colocada, para ganhar três dias de serviço, mas só ganhei dois. Se tivesse ficado em casa, teria ganho três dias e não teria perdido, tempo, dinheiro... Valeu pela experiência, pela aprendizagem e, nos dias que correm, esse é o meu verdadeiro valor: aquilo que já vivenciei. 

Eli

segunda-feira, maio 14, 2012

Comboio


Tela branca, página em branco, espaço negro, onde posso escrever. Móvel ou imóvel. Persigo um momento tão imaginado. Sou eu a partir. Sou eu a chegar à estação e ele estará ali à minha espera. Apresso o tempo e... almoçamos juntos na torre mais alta e mais romântica daquela cidade preferida e sonhada.

Entretanto, chega a tarde nos meus olhos e encosto-me no seu colo, enquanto o Sol nos pisca os raios. O tempo foge. Ficamos ali, sentindo o cheiro de areia. Num beijo e noutro, como se não houvesse outro comboio para apanhar. Convida-me para ficar na casa dele e, com naturalidade, durmo. Acordo.

Outra insónia?! Outra vez a sonhar acordada?!
Eli

;)

P.S. Continuo a receber participações no Desafio "O amor acontece" e estou a gostar muito.

domingo, maio 13, 2012

O amor acontece #3 (por Gonçalo Cardoso)

"O amor acontece quando a diferença de idades não importa, os estados civis são acessório, e a opinião paterna nem sempre é respeitada. As lágrimas surgem, a verdade é sentida de forma tão íntima que os outros não percebem, e os conflitos surgem por um bem maior. Esse bem é o amor. Nasceu, sobreviveu e agora cresce nas margens do rio, sob uma paisagem verde num quadro granítico. O amor acontece! Baseado numa história verídica."

Gonçalo Cardoso




Cá está a participação sempre sentida do meu amigo. Obrigada por fazeres parte e aceitares o Desafio!

Eli

Corda Bamba


Corda Bamba é o nome do livro, onde irá ser publicado (mais um) texto meu, pela editora Pastelaria Studios. Desta vez, escrito em prosa.

A apresentação (lançamento) do livro será em Lisboa, no dia 16 ou 23 de junho. Ainda não está decidido. Se quiserem encomendar por mim, enviem-me um mail.

Eli Rodrigues

segunda-feira, maio 07, 2012

Gosto de James Blunt, so what?! Vão castigar-me?! Não serão suficientes os tempos que demoro a massacrar-me com sonhos?! E fico a pensar, mais uma vez na minha vida e vejo-me aquela romântica, sim aquela de outrora, já adormecida há décadas... esperando metaforicamente. Tentei ser outras coisas, se tentei!... Mas, aquela não era eu. Eram pedaços de mim a desfazerem-se na estrada dos desconhecidos. Continuo a caminho. Fui.

Eli

domingo, maio 06, 2012

O amor acontece #2 (por Sofia Marceneiro)

"O Amor acontece quando…
Te ouço, nas palavras estonteantes e quentes
Te penso, no arco-íris da minha alma

Te sinto, nos sorrisos mascarados de desejo
Te desejo, na pele que clama por ti
Te anseio, na vontade de te ter
Te sonho, na imperfeição mais perfeita
E assim… O Amor Acontece… Quando te sonho…"

Sofia Marceneiro


P.S. Mais uma participação sentida. Agradeço-te Sofia, por abrilhantares este espaço escuro.

Eli


Estou a namorar as tuas palavras. Não sabes, nem imaginas. Apenas me saem pensamentos tontos dos dedos e dos sorrisos. Não sabes, pois não?! Nem eu. Onde estás quando pensas em mim? Recuso-me a dizer Adeus. Bato o pé ao destino. Afasto-me de soslaio e tento compreender o tempo de espera que me é exigido e vivo nele, namorando... (suspiro) namorando o sonho.

Eli

quarta-feira, maio 02, 2012

Estagnada


Nem sei explicar bem, mas às vezes nem falo, nem escrevo para não me soar a puro egoísmo. É como se estivesse a afundar-me numa garrafa de água, quando há um oceano inteiro lá fora. Não gosto de me ver como "estagnada", se bem que as vivências diárias dizem-me o contrário, mas, quando vou a ver, só estou a percorrer um caminho sempre no mesmo lugar, quando dantes mudava-me tantas vezes que nem podia pensar. Na verdade, só queria repreender-me por parar e deixar simplesmente o tempo passar. Não pretendo assim tão grande coisa. Porém, aquela oportunidade tarda em chegar. Falha-me a paciência. Nunca foi o meu forte, mas estou a aprimorar-me. Gosto assim. Que haja sempre caminho para mim.

Eli