Agora nem nómada, nem emigrante.


terça-feira, dezembro 24, 2013

Natal encantado?!





O meu coração está cheio, porque há muitos que me gostam como também eu gosto desses e de muitos outros. Descanso numa paz qualquer que me permite encaminhar-me perante um futuro de um brilhantismo curvante. Antes assim, antes que as músicas me tragam lembranças de sentimentos profundos e que os vivi, ah se vivi, carago!... Não tombo mais as mãos entre copiar e colar porque me vejo num emaranhado suave de alguém que é verdadeiramente espacial e, neste Natal, peço e espero dos que tenho além, um vislumbre de saciedade por parte desta tão grande vontade de ter o tal, que sabem bem quem é, porque podem passar dias a fio sem eu poder sequer ouvir a sua voz, basta uma pausa para ir mais além que ele me vem ao pensamento e o grande desejo que esteja bem, que me mande notícias... um suspiro e uma grande necessidade de escrever que tento ultrapassar para que não me torne demasiado óbvia. Que encanto me és.

Eli

Festas felizes para todos os que passarem por aqui e se encontrarem neste blogue.

:D

terça-feira, dezembro 10, 2013

Quadripolar


Querida (o) Quadripolar que está agora a ler esta mensagem e que me irá enviar um postal:

 Ao contrário do que possa parecer aqui, eu sou uma pessoa muito divertida e quiçá simpática... Só para não deixar no ar um ar depré, porque o blogue é apenas uma parte de nós...:D

Quanto ao resto, adivinhas! :)

Eli



sexta-feira, novembro 08, 2013

Broken



Ella desejava muito ser lida, por isso, no final do dia de aulas, num grande quadro negro, quase cinzento pelo tempo que não lhe perdoou a erosão, escrevia sobre os seus sentidos. Olhava em redor, primeiramente, numa busca demorada por uma inspiração que fingia vir-lhe de fora. Depois, soltava o grande vulcão em que diariamente vivia, reprimia e gemia de grutas ocas, como de um bramido chegasse. Escrevia textos quase longos, porque não se continha na sua necessidade de criar o que as letras lhe ditavam. Munia-se de uma burka negra e escrevia. Durante anos, o vento ia apagando o que a noite lhe tinha soletrado. Chegando de manhã à escola com soalho feito de terra e teto tatuando o céu, olhava a árvore quase seca onde o quadro estava pendurado e pensava como seria possível que todos os seus temores, gemidos e lamentos fossem sempre apagados sem obter qualquer resposta. Numa noite qualquer apercebeu-se que tinha sido lida:

«Peço desculpa por sujar o seu chão com as minhas botas enlameadas, mas tive que ficar um pouco contemplando as estrelas em seu quadro. Voltarei a sujar seu solo se assim me permitir.»

Ella corou quando leu. Quem seria aquele que lhe teria deixado uma mensagem?! Saberia quem seria a aluna que escrevera durante a noite no quadro da escola da aldeia naquela África tão profunda?! Ella ficou a pensar naquilo e de vez em quando recebia mensagens sempre com um toque de personagem. 

Começaram a crescer-lhe umas borboletas debaixo da burka, que de cada vez que chegava de manhã, buscava sempre uma resposta do tal desconhecido. Pensava ser um sábio, talvez um dos anciões da aldeia…

Durante um período, deixou de receber qualquer resposta aos seus textos pouco elaborados. Esqueceu a sua existência. Voltou a escrever palavras tristes sobre a vida que levava sempre ali tão longe e distante de todo o mundo que sonhava conhecer. Falou de saudade.

Num dia qualquer, chegando cedo à escola, onde já era professora, tendo sido a primeira a romper a manhã, vislumbrou alguém a afastar-se do quadro. Correu para ele e deparou-se com uma nova mensagem passados tantos meses. Ele sentia-se enternecido com as suas palavras de saudade e sentiu-as como suas.

Então, ela resolveu deixar-lhe uma resposta escrita em papiro, debaixo da raiz mais grossa da árvore. Ele teria que perceber através de uma mensagem codificada escrita no texto que teria então uma carta para ele.

Ella acordava sempre com uma grande ansiedade e sem sono algum, começando a ser sempre a primeira a chegar. Durante alguns meses trocavam assim correspondência sem nunca se encontrarem. Ela sabia que ele a via ao longe tapada pela burka, mas nunca sabia qual dos homens era aquele sábio que tão belas palavras desenhava, apesar de uma vez já o ter visto de costas a afastar-se.... 

O Homem terminava as missivas dizendo-lhe que o pensamento se prendia nela.

Numa noite qualquer, esgueirou-se da cama, calcou a calçada e viu-o a escrever um recado em cima do joelho. Cigarro no canto da boca, olhar concentrado, livro debaixo do braço. Arrepiou-se. Imaginava-o mais velho, a primeira impressão foi de choque mas no instante imediato encantou-se com aquele Homem, mal ele lhe sorriu.

Pé ante pé, devagar e com muito medo, Ella aproximou-se vestida com uma burka que tinha exatamente a cor dos olhos dele. A conversa demorou até amanhecer. Trocaram algumas confidências sem se comprometerem. Sentiam-se unidos pelas palavras faladas e escritas. Ao terceiro dia de longas conversas, ela receosa, mas corajosa, resolveu destapar-se.
Então, ele disse-lhe:

«Atrai-me a tua beleza interior, mas a exterior não.»

Ele desfez-se em desculpas e partiram-se ambos os corações.


Eli

quarta-feira, outubro 23, 2013

Coisas






Foram sonhos atordoados que atirei
Dos penhascos abaixo, minha árvore
Meu tronco, meu amor louco

E jazem entre paredes vazias
As memórias de poucas noites
Esvaziando as cordas do ser

Enlouquece poema meu, vasto
Sorri-me entre a barba uma vez
Só aquela que não tive para saber

Conhece-me entre a partida
O pedaço de céu e o erro
Desenterra o teu eufemismo

Entre sete ou outro número
Estabelece-me nua e mórbida
Sem limbo de segurança, sim

Transporta-me entre coisas
De dormir colado, não sei

Sabes tu?

Eli


terça-feira, outubro 22, 2013

Cidade






Ainda que eu soubesse que não valeria a pena escrever a branco, fui, acreditando, manhã fora, mas no meio de Energúmenos que não franziam o olhar com exatidão, encontrei-me sentada numa cadeira vermelha, onde perdia meia hora dada sem ser oferecida. Será que haverá ainda humanos por aí?! No final, haja quem ainda se lembram de me cortar o dia com exatidão para que a rotina se esvaia. Então, quis lembrar-me um pouco do sonho de uma noite de sexta entre o abismo de um beijo passado e uma dança com o homem que não quero meu. Estranho seria ficar parada à chuva, quando ela não me mostrou mais do que sons e palavras, toques e sumos de ser. E, por isso, fomos uma só, eu e a cidade. Então, ela mostrou-me que ninguém irá reparar em mim. Somos uma só, onde figuro só porque sim. Chego a casa, choro. Parto para o vazio, preenchendo-o com vasta atenção, vaga recuperação, até que tenho a prova que mesmo que não fale, algo terá mesmo que acontecer só para que não me chegue o dito, o cujo.

Eli

segunda-feira, outubro 07, 2013

Convite :)

Este blogue tem o prazer de vos convidar para a apresentação de "7 Pecados", onde Eli participa com um pequeno texto.

Sintam-se bem.

:)

sábado, setembro 28, 2013

Do sonho




Por um momento voltei a ser aquela romântica que era, ou melhor, que fui. Voltei-me para os filmes com finais felizes e idealizei um sonho de infância que acabei por nunca realizar completamente. E, mesmo que faça campanha pelo contrário, eu não quero mais do que aquilo que sempre quis. À parte da extrema necessidade de me sentir independente, de trabalhar, de precisar disto, tenho um pequeno vazio que se preenche com alguém que tome conta de mim. Platónicos à parte, por que razão a realidade não me assiste realmente?! Enfim... já passa. Mas, por vezes é uma coisa bem abafada lá no fundo. Só assim se permanece com um sorriso diário e verdadeiro. Se sonho?! Pois então, sonho, mas cada vez menos.

Eli

terça-feira, setembro 24, 2013

Misturas

Há sempre uma "ela para um ele interessante". Foi isto que vim cá dizer hoje. Eu já suspeitava. Nunca há um "eu". Bem, chega de aspas e de pronomes, que a "merda" é a mesma. Tudo é um costume generalizado e estúpido. Agora, estou para aqui escorregada. Empato-me entre casas a preços exorbitantes, burocracias incapazes e viagens de comboio, tantas que já me esqueci como era aquela ideia na névoa. Sinto tanto a falta daquele degredo de além que não me voltou a comentar o espaço, que não voltou a preencher-me de mensagens, que de facto eram cartas. Onde entrego os beijos que devo?! Misturo homens, ideias, seres, porque depois ainda me consigo surpreender. Eles têem-se em comum sem saber que eu sei que lhes pertenço. Sou mais do que o que mim acarreta, mas indefinida me sinto. E, quanto um terceiro se  quer encontrar, eu procurei perder-me. Foi por isso que não resultou. Nada resulta. E, à noite, sou só eu e a cidade, que alguém chamou de capital.

Eli

(Imagem de Eli.)

domingo, setembro 22, 2013

Secreto

Tu ainda não sabes, ninguém sabe, nem eu sequer quero ter essa informação, mas de vez enquando lá me apareces num pensamento qualquer. Inexplicável. És um silêncio a andar de mota enquanto uma guitarra lambe as asas de um sonho. És um negro saboroso, enquanto nos tornamos numa noite cúmplice. És beijo saboreado por entre torres e portões. És letra para a minha canção, enquanto brota a chuva de baixo para cima, como se quisesses ser cúmplice do rio. Obrigada pela partilha, por elas, que se tornaram com aquela naturalidade, que és tu.

(Em segredo.)

Eli

:)

sábado, setembro 21, 2013

sexta-feira, setembro 20, 2013

Pedras


E os seus movimentos quase me arrepiavam. Como tanto lento como saboroso era aquele estático de presença. Goataria de descontrolar por poder ter nas minhas mãos o cajado da não solidão. Um dom, uma presença, uma coisa qualquer que se fosse construir entre montanhas que edificam furacões. Saíste para chamar alguém e claro que não era eu. Não vale a pena apresentar um conjunto sem futuro. Melhor encarar o aglomerado sem esperança. Preciso de mais pedras para poder fazer o caminho em cima do rio.

Eli

O que estou a pensar

Estou a pensar que há quem se tenha ao egoísmo e tenha feito dele uma condição de vida. Está bem, necessitamos da sobrevivência, da independência, mas acima de tudo e mais do que a tolerância, precisamos de compreensão e respeito. E, por favor, não me façam de parva, porque eu considero-me uma pessoa inteligente com a capacidade de me auto-motivar, mas não aguento tudo, porque não quero!

Eli

domingo, setembro 01, 2013

Brevemente


E eis que um dia, uma noite para ser mais específica, se acende uma luz ao fundo do túnel. Aceitei pisar a minha estrada, o meu caminho sem parar sempre receando que não conseguisse mais encontrar um bem tão precioso que me dignifique. Não estava a pensar desmistificar, mas sendo este blogue tão lamechas que só fale de amor e outras porcarias do género, hoje falo de trabalho. Poucas vezes pude colher o que plantei por aí. Aliás, neste campo nunca ou quase nunca me valeu mais do que o próprio momento, que acabava num contrato, sempre que conluía uma substituição ou que terminava um ano letivo, eu ficava sempre na mesma dúvida: será que conseguirei obter novamente colocação?! Há um ano que estou desempregada. Há um ano que não sou colocada. Não me queixo assim tanto, porque passei este ano com um part-time em que desenvolvia atividades, as quais gostei muito, mas não passaram de umas míseras horas por semana que praticamente não me acordaram. Curiosamente, ironia do destino, hoje colho outros frutos. Um amigo lembrou-se de mim para fazer o mesmo trabalho que ele. Não tem nada a ver com a minha área, mas vendo bem a quantidade de CV (inúmeros que nem me atrevo a contá-los e apenas escrevo já a sigla, uma vez que é mais rápido)... que enviei por esse mundo fora candidatando-me às mais variadas ofertas de emprego. Enfim, hoje parece-me que finalmente posso ver uma luz e que esta estrada da incerteza me poderá dar umas tréguas amigáveis. Ele fez-me prometer que não desisto da minha vocação. No entanto, se posso ter outras capacidades, quem sabe se não consigo ter outra vocação também. Estou pronta para seguir em frente, mas receio que a capital me engula! 

Eli

:)

terça-feira, agosto 27, 2013

Compra

Num dia, cedo, como quem tarde, ela, cansada num cansaço sem lado físico, questiona ao vendedor:
- Tem romance?
- Quer de que tipo?
- Verdadeiro e agora.

sábado, agosto 17, 2013

Retornada


Parti naquela magrugada magoada com ele, quando esse destino já estava pensado não sendo obra do acaso, mas decisão minha de me afastar depois de ter passado aquelas horas todas numa frustração que ele admitiu. Volvidos vários anos, eis que se constroem situações e se destroem como se um gigante dissolvesse uma cidade em dois passos. Ficam sempre as ruínas que poderão ou não edificar-se em algo que não seja mera recordação. É difícil viver sempre numa sobra com sombras. Numa noite sou bestial e a minha arte persegue-me, mas ao acordar já não é bem assim. Deixa que se instale uma confusão, quando tudo é tão claro. Há demasiados pormenores que passaram a barreira do tempo e há um gostar de certas coisas que me aproximaram, mas repelida, fui-me embora como se o passado retornasse e voltei a sair mais uma vez da sua vida. Os anos passam e afinal ele não muda. Repudiou a minha escrita. Parece pouco, mas...

Eli

sábado, agosto 10, 2013

Missiva


Fico a pensar naquelas passagens que me fazem suspender a respiração, como se um suspiro fosse engolido para que conseguisse ler mais rápido. É como se fosse caminhando num trajeto de palavras, onde o acordo não tem voz, nem deixa de ter. São cumplicidades envoltas e perdidas como grãos de areia que se vão misturando com a água do mar num envolvimento que não se separa mais. É chegar todos os dias a casa, esperando que um abraço sentido nos abra a porta e se prometam mais beijos com aqueles que se dão. Por cada um, ficarão mais dois prometidos e assim sucessivamente para que nunca se acabaem.Quando se quer dar sempre beijos e ainda mais ansiar recebê-los, a continuação é perene. Que as palavras nunca se cessem, que me as escrevas sempre.

Eli

(Imagem de Eli)

sexta-feira, agosto 09, 2013

Flutuar






Apaguei o poema. Melhor eliminá-lo a azul, mas antes copiá-lo para um ficheiro qualquer. Poderás vir a perguntar-me por ele e quiçá rirmo-nos de tal disparate acróstico. Com a graça que deste às palavras desenhadas na areia, acabei por decifrar a mensagem que me tinha sido entregue em garrafas vazias. Ou assim quis que fosse, antes que a confiança acabasse. Antes assim, adultos. Entre música alta na tenda do vizinho e a insónia que me retardava o sonho, diverti-me a sonhar com aventuras e a viver num diário escrito, descrevendo o hilariante. Gosto quando o Sol me beija a pele, quando olho as dunas e vejo outro tipo de surf, onde as gaivotas dançam num voo qualificado. Embora lançar papagaios com os miúdos, para eles e como eles. Escreves-me mais e eu escrevo também, mesmo estando ao meu lado. Sorrio num sorriso secreto. Ninguém imagina porquê sem ousa imaginar que é o transbordar de um olhar que não é só meu. Ainda vês algo aqui? Ainda queres ficar?

Eli

(Imagem de Eli)

sexta-feira, agosto 02, 2013

Farsa



 
Ele estava ali tão perto e Elen não quis aproximar-se. Refugiou-se na atitude mesquinha que aprendeu com os homens.
Minutos antes, desceu até à areia, a chinelar. Não teve que dar muitos espaços até o reconhecer. Olhos postos no livro, sentado naquela cadeira, amortecendo a passagem dos dias.
Não foi como imaginava. Ela sempre pensara que ele deixasse as cadeiras de lado e se viesse deitar na areia. Interpretou, então, pela primeira vez na vida a farsa do medo. Deixou-se ficar a uma distância considerável, o que fez com ele não imaginasse que no meio dos transeuntes, encontrava-se ela, disfarçada com roupas coloridadas de praia, disfarçada de mais uma carregada de celulite, costas tortas e que é mais fácil ser-ser ignorada do que reparada.

Eli

quinta-feira, agosto 01, 2013

Era

Durante o lançamento de um livro, Iara aproxima-se de Eva e diz-lhe com um um brilho nos olhos, que a faz olhar em volta e dar-lhe a mão.
- Gostei muito de a ouvir. Tem uma voz muito peculiar. Ideal para leituras em voz alta.
Eva respira e força um sorriso que se abre rasgando os lábios.
- Obrigada. - Larga a mão de Iara e senta-se numa das cadeiras vazias. as cadeiras são todas pretas.
Outrora, aquela sala tinha estado cheia com variadíssimos autores, que escreviam todos para um tema e um livro em comum. Convidavam familiares e amigos que os iam assistir, permanecendo para um breve convívio em que trocavam autógrafos.
- Eva, calculo que lhe seja difícil a minha presença.
- Oh... - Perdeu a voz para um embargo suficiente. - ... sente-se aqui.
- Quer tomar alguma coisa?
- Só se for algo bem forte.
Iara foi buscar duas bebidas aparentemente femininas, mas bem fortes. Cada uma sorveu o seu primeiro gole como se estivesse a ganhar coragem. Finalmente, olharam-se nos olhos e concordaram em tratar-se na segunda pessoa.
- Eva, eu tinha que vir hoje. O teu livro representa muito para mim. Confesso que não estava à espera de a ouvir. Já fui a algumas apresentações de livros, mas os autores ficam sempre acabrunhados, escondidos a um canto como se esse reserva os levasse a algum lado. Os escritores costumam ser tímidos, no meu entender.
- Eu nunca fui tímida. Quem escreve, refugia-se muitas vezes atrás da página, abstendo-se de dar o corpo. A imagem talvez não funcione...
Iara interreompeu a escritora.
- Esta história que escreveu retrata muito da vida de uma pessoa que me é muito querida.
- Conheceu a Eli?
- Era minha tia.
Eva desatou num pranto e deixou-se ficar ali a chorar a perda daquela que conhecera tão bem, mas que afinal ainda tinha muito para desvendar.


Escrito por Eli Rodrigues

terça-feira, julho 30, 2013

Ray LaMontagne

Be Here Now.

segunda-feira, julho 29, 2013

Mono - Moonlight

Are You There?

sexta-feira, julho 26, 2013

«Redundância»

    Estou cansado do cariz inexorável do tempo, do contar sistemático e infalível dos grãos de areia de tombam do tambor superior para o inferior da ampulheta, desejo abanar conceitos científicos formais e colocar o tempo na perspectiva do usuário, sentar-me no sofá e entre cervejas quentes acelerar, abrandar, atrasar ou avançar o tempo, quero comprar anos antes de cair da falésia, quero viver mais, ou quero viver menos depende do cariz par ou ímpar do dia, mas no fim quero perder a noção fatalista de quem tem as rédeas do meu fim é outro que não a minha individualidade, quero poder escolher o momento em que coloco os meus pés na barca sem ofender a mui sacrossanta condição humana. 

EspadaS

É muito mais simples (não fácil) quando há um inimigo com acesso para se poder lutar. Como posso combater?! Ponho os laços no cabelo, penteio os caracóis com as pontas dos dedos e já estou pronta. Sigo à força contra uma coisa qualquer que sistematicamente me puxa o tapete... Invisibilidades. Liguei a música na tv para que um Soul qualquer me faça sentir o pisar das teclas, para que faça sentido, para que possa inverter o caminho para a depressão. Lembro-me perfeitamente de lhe ter aberto uma guerra e ter lutado, quais séculos atrás, também de mim falo, de mim misturo e um piano faz-me cócegas no ego.

Eli

sexta-feira, julho 19, 2013

Trocas a conversa





Parece quase como aquela expressão "o feitiço virou-se contra a feiticeira". Andei a camuflar, a camuflar, em camadas e mais camadas, não fosse eu a parente mais próxima do ogre e eis que agora, é-me difícil ser eu a descodificar. Códigos, códigos e mais! Vinde a mim, de Marte, de Vénus, ou de uma Terra qualquer. Pronto, já barafustei, portanto, deixa-me gravar na mente mais um apelo à sabedoria e logo a seguir pintar a minha mão que te abre uma janela custosa mas poderosa, cujo poder só se é ganho pelo tempo em que se sobreviveu. Antes que passe mais uma charrete imaginária no mundo dos jogos aldeões, hei de olhar para a montanha e fitá-la! Danada, pôs-se a trocar correspondência com uma ilha armada em península! Queria ela ter as amarras que me soltaram, embora ninguém queira um espaço de tempo sem limites de sobrevivência. Canta-se lá fora. Aves que desconheço. Houve alguém que as contou em tempos, não estas, mas umas que piavam estrangeiro. Quero-te de olhos bem abertos, ou não. Rebola a menina-do-olho, que aprendo e escrevo pela primeira vez. Antes todas as praias sejam todas tuas, virgens, assim como os barcos que descansam na areia enquanto vens a correr comprar o sêlo, porque não podia passar tempo despropositado. E ainda estranhavam quando me grunhiam e eu quase lhes berrava... realmente, há que se perder numa cousa qualquer... passados, pretéritos, reconheço-os, analiso-os, mas só servem para fazer conversa. Conversemos, então, que o Sol está a pôr-se e eu gosto.

Eli

:)






quarta-feira, julho 17, 2013

Monte dos Vendavais

Sinto-me satisfeita por estar a fazer render o meu tempo. Ontem, acabei de ler "O Jogo do Anjo" de Carlos Ruiz Záfon e, retomando ontem em grande força, acabei de ler hoje "Monte dos Vendavais". Este, sem capa, muito antigo, folhas bastante amareladas e com aquele cheiro caraterístico. Ambos estiveram à espera que eu me dignasse a terminá-los e tudo deve ter o seu tempo, pois só agora, num ápice, os devorei até que se esvaíssem... Recomendo-os ambos. 

Eli

terça-feira, julho 16, 2013

"O Jogo do Anjo"





«O meu primeiro impulso fora deitar-lhe fogo, mas faltou-me a coragem. Sentira toda a vida que as páginas que ia deixando ao passar faziam parte de mim. As pessoas normais trazem filhos ao mundo; nós, os romancistas, trazemos livros. Estamos condenados a perder a vida neles, embora quase nunca no-lo agradeçam. Estamos condenados a morrer nas suas páginas e às vezes até a deixar que sejam eles que acabem por nos tirar a vida.» (Página 399)

Carlos Ruiz Zafón


Evoluir

Quem me conhece, sabe perfeitamente que eu sou muito benevolente, tanto que por vezes caio em exagero. Mas, logo me recomponho e deixo-me fitar num tipo de raciocínio que é tudo meio vazio. Já muitas vezes disse "não me façam de parva". A minha sinceridade, a minha segurança fazem permanecer muitas pessoas na minha vida, tantas que não é comum manter-se assim este gostar de personalidades tão diferentes que por vezes teimo em juntar para umas belas jantaradas ou algo semelhante. Só lamento que tenha que virar a mesa sem necessidade nenhuma. Há dias estranhos assim. Hoje, experimentei uma coisa nova. Pelo menos tinha um nome novo (riso)! Mas, lá por estar pacífica num determinado momento, não significa que a seguir me mantenha, pois eu sinto as cenas, sim cenas, melhor que coisas... Tenho muita noção do mérito e sei perfeitamente que não me empoleirei num pedestal. Parece que os emparelhados necessitam de um complemento subjacente! Credo! Cresçam!

Eli

sábado, julho 13, 2013

Manhã pacífica




Engelha-se-me a pele, enrugam-se-me os lençóis e padeço de uma luz animadora que me faz acordar numa manhã submersa num nevoeiro longínquo, onde a montanha se curva perante o mar. Cada gota de orvalho vem beber à minha janela, porque eu não preciso de ser entendida para perceber que o branco da minha pele tem um lugar colado a um vislumbre de sombra. Ainda que nada seja óbvio neste instante, uma música pontua e certas lembranças escritas animam a minha paz que se aninha por entre a solidão de um Norte jamais esquecido.

Eli

:)

quinta-feira, julho 11, 2013

Ir por aí

Normalmente, quando chegava, entrava num modus operandi, que sempre me inquietava, como se o lado negativo me inundasse e a sorte jamais retornasse. Desta vez, tenho feito por contornar essa situação e o facto é que realmente estou a conseguir. Mudei. Orgulho-me por ter alterado alguns comportamentos que levavam a rotas num espiral de anti-social e outros que tal. Eu tenho um plano... falível, é certo, mas quero muito aproveitar todo o tempo que tenho. Os convites surgem e eu sei que é por deixar fluir, deixar que me encontrem, como faço no resto do ano. Por que haveria de me castigar?! Há que andar e ir, ir sempre, quiçá para sentir-me voltar. Embora?! Onde vamos?

Eli

:)

quarta-feira, julho 10, 2013

Pronome


Numa noite destas, uma qualquer, o Calor despiu-me e divertiu-se observando a minha pele cada vez mais gasta pelo luar... Entretanto, a brisa chegou e assim me tapou, como se tapam as vergonhas de tempos passados. Gostaria de usar a palavra nós. Ousá-la mesmo, proferida pelos teus lábios, com a minha boca. Os nós da gaganta adensam-se e sonho com o pronome tão pessoal, tão plural, como aquela música que bailei sem preconceitos. Está bem, cortemos o silêncio com o arfar da nossa respiração suprimida num sonoro resplandecer, numa coisa qualquer que me faça renascer e seja um deleite como nas palavras.

Eli

segunda-feira, julho 08, 2013

Póstuma

Assim em jeito de Post Scriptum - um dia depois, ok - mas estou por aqui às escuras, sentindo (finalmente) uma brisa fresca na cara e trouxe-me de volta o eu de mim, apetecendo-me passar horas nisto. Dei por mim a tentar olhar com olhos de ver, mas só se me dispersar, como se as teclas me chamassem e eu não tivesse mão nelas...
Culpo a música! Que raio, como mexe comigo a dita!
(Pausa)
Olho pela janela e tento vislumbrar o contorno da serra... está de um negro ainda mais escuro. Veste-se assim por me ver afundar numa réstia de cousa nenhuma...
Eli

Ciúmes


Escolho. Ando num rodopio até encontrar o caminho. Há dias confessava os meus ciúmes a alguém de quem nutro algo puro. Os sentimentos e as pessoas deambulam pela minha vida... as relações mais sólidas que mantenho como parte integrante são minhas e não adbico delas. Simples. Para que complicar. Portanto, sinto ciúmes raros e poucos, que muitas vezes não entendo, nem reconheço, talvez assuma...  Trombas, nó no estômago, sensação estranha... e sim, nada é garantido, por isso há que cultivar. Os entes encaixam-se numa pirâmide, precisando de se posicionar... Até que alguém trepa até ao topo... E, há tantos anos que digo, reafirmando-o agora, que o tempo é muito relativo. Mesmo assim, preferia poder ter hipótese de investir... aquela oportunidade ceifada a cada abertura que receio não entender por não querer explicar mais uma vez. Por isso não falo, não me repito.

Eli

sexta-feira, julho 05, 2013

Às páginas


Por que razão dramatizo uma outra que me deixa na inércia, quando no final consigo dar a volta e transformar, reparar, sobreviver. Aproveitarei o tempo e levarei a temperatura a bom porto, assim como a inspiração que me dá um certo prazer. Não é o mal que me faz esconder, mas uma superstição doida que ninguém consegue explicar. Tenho-te em segredo, transpirando letras e vivenciando um pormenor semelhante. Não se trata de espelhos, nem de gémeos, mas é algo que faz dançar. Aquela sensação de segurança que aquele meu amigo me ouviu está patente em todas as minhas circulações. Sou como o sangue que bebe vento para conseguir recuperar o sentido interior. Ser-se especial só se consegue ler quando há uma cousa permanente que é única, sigular e está cá dentro apenas porque os demais existem. O sino toca em sim, relembro-me de acreditar, de me mimar e daqueles momentos tórridos em que me senti desejada. Visto-me de mim e vislumbro o sonho daquela mão que queima cá dentro, daquela ansiedade de ambivalências de ternura sem perder, sem perder. Desta vez ganho em pedaços doces de admiração sem preconceitos, que vive livre como eu nas fendas, nas muralhas, nas tormentas, nas navalhas. Suga-me o murro no estômago com o toque intenso das palavras.

Eli

;)

terça-feira, julho 02, 2013

Mais de mim

É muito fácil e simples simplesmente ser. Para mim, que me aborrece o tempo parado, afinal não sei se sou do campo, da aldeia ou da cidades, por isso digo a toda a gente que gosto do meio, ou seja da vila. No entanto, isso é muito pouco... porque secretamente, adoro o que a cidade me permite. A cidade é a minha confidente no desejo da mistura, da carência de preconceitos, pois ela suga-nos e não dá lugar a quem não se deixa levar simplesmente pela humanidade. Nas aldeias, todos te julgam se não é igual aos demais. És uma peça fora. Não que me preocupe. Faz muitos anos, mais de metade que eu deixei de me importar, mas há sempre quem ainda me olhe com pena ou desprezo, para logo depois me admirar pelos feitos, como se eles fossem algo que não uma necessidade de sobrevivência. Incrível como num lugar tão pequeno, há tanto espaço para o amor entre o próximo igual a si mesmo, mas tanto afastamento pelo diferente. E eu sou a única que cresci mais do que as demais. Esta coisa da genética prega partidas, mas a inteligência favorece alguns... e agora apetece-me deixar de ser para simplesmente existir.

Só por agora. Logo a seguir, quero fazer acontecer... Mais de mim... mais!

Eli

quarta-feira, junho 19, 2013

Adeus a ti, levo-me comigo



Encontro-me novamente numa postura de Adeus. Todo o meu corpo tenta curvar-se perante os que me choram. Estou em quebra. Anda, ajuda-me a fazer as malas para que o peso de as carregar não me deixe permanecer curvada. Caminha de cabeça levantada, pois não mais te irei esquecer. Arranja-me uma mão que eu possa segurar enquanto faço o transbordo da minha alma até às origens... e que não perca jamais o que de melhor tenho. Adeus.

Eli

sexta-feira, junho 14, 2013

Fazer-se de

Estava com tanta vontade de te viver, de se saborear, que mal te apresentaste perante mim dizendo-me que eu era viciante, deixei(-me) imediatamente levar-me. Depois, ainda tivemos aquelas conversas todas. Eu, sendo uma expontânea de primeira, como sempre... disse o que não devia (talvez)... mas também, chega a uma altura da nossa vida em que tudo faz parte. Já não evito cometer inconfidências, porque o que não é realmente para se dizer, não digo. O meu modo automático sabe muito bem falar sem me comprometer, por isso se eu lhe disse que não me fazia de difícil, pois "fazer-se de difícil" para mim é um fingimento, então eu, não fingindo, não me faço de nada. Se porventura pareço fácil ou difícil, dependerá da minha vontade de estar ou de conhercer determinada pessoa, óbvio. Não vou "fazer de" nada. Deixo isso para o Teatro, onde interpreto personagens que não eu!

As coisas são simples assim, mas mesmo este homem que me parecia tão corajoso, esfumou-se, desaparecendo do contato direto. De que me vale deixar uma mensagem a uma pessoa que a lê, mas não responde?! Ora, então, eu tive que me desfazer daquela ideia tão boa de nós a rir e a conversar, tive que seguir em frente com a cabeça levantada, mas, porra, será possível que não há uma única vez que esta merda possa correr bem?!

Eli

quarta-feira, junho 05, 2013

Confissão

Confesso que uma vez senti-me tão em baixo que enviei uma mensagem a uma pessoa que considerava especial a dizer "Anima-me..."

Eli

terça-feira, junho 04, 2013

Da espera, da partida e da fugida

Embalada pelo som da música que me escreve romance, que me manda esperar. Levo-me a passear, finalmente, de comboio. Olho lá para fora, fitando coisas simples, para que me respondam, para que me digam quão mais tenho que esperar. Já aprendi todas essas coisas da vida. Já me descalcei, já me deixei ir, já lutei e também já esperei. Aprender a ter paciência foi algo que a experiência me trouxe, mas por favor, eu pedi assim tanto?! Escusava a Sorte de ser assim tão bravia, de bater à minha porta e fugir. Quando lhe abri a porta, ela fugiu, fugiu, fugiu até mais não me aguentar na corrida. Então resolvi parar. Caminhei durante algum tempo, mas depois reparei que estava completamente sozinha. O.k. partirei mais uma vez. O.k. live me alone, please.

Eli

domingo, maio 19, 2013

Verdadinhas





Não costumo dizer a verdade toda, aqui... ou raramente o fiz.
Admiro as pessoas que contam as suas verdades nos blogues sem as camuflar.
Mas, eu habituei-me a esconder parte, a escrever só para alguns... num mistério capaz de enebriar.

Eli

sexta-feira, maio 17, 2013

Antecipação





Queria chorar-te. Queria, sabes, porque talvez assim me livrasse de ti. Não sei por que me agrada o cheiro a cinzas, não sei por que razão comigo as coisas têm que ser assim tão estupidamente difíceis. Deixem-me amar naturalmente. Eu sei, eu faço sempre por isso. Sabes, não aguentei mais e fui eu mesma, como sempre. Não sei o que é fazer-me de outra coisa que não eu, mas por que razão não és tu também. Por que deixaste que a dor te transformasse?! Ela levou-te de mim, aos poucos e... mais tarde eu volto a olhar as palavras escritas com um significado maior, mais do que naturalmente seria viável. Não quero ser só racional, não quero abandonar aquela imagem de simplesmente dar um passo em frente. Preciso que aconteça! Acontece-me...

Eli

Snow Patrol - Run (Live @ Rock in Rio)

quinta-feira, maio 16, 2013

Familiar

Por vezes precisamos de sair do quadrado
Dar as mãos formando um círculo
Esquecer as linhas retas
Aprender a circundar

Só circulando, aprendemos a união

Abracemos os justos
Aprendamos a amar

Tragam-nos o vosso coração
E ficaremos juntos, lado a lado
Mesmo ao longe, mesmo ao perto

Às vezes perdemos alguém
Dá-nos cá dentro um aperto
Mas, depois, vem alguém
E lembra-nos como é sentir

Ter uma alma familiar
Que não se cansa de nos acolher

Voltamos a sorrir
Voltamos a caminhar
Mesmo sem saber.

Eli Rodrigues

segunda-feira, maio 13, 2013

Francisco #7





Ele respirou fundo numa derradeira tentativa:
- De onde vens?
- Açores, S. Miguel.
- Gostava muito de ir visitar os Açores!
- E eu gostava imenso de ir a Paris! – Esforcei-me.
- Eu não estou em Paris, mas é lá que passo os fins de semana, em casa da minha tia. Se não fosse ela, não teria vida nenhuma lá. Já conheço os cantos todos à cidade, graças aos mapas que ela me desenha.
- E ela não vai contigo?
De repente, ouço o meu telemóvel, som de mensagem.
O Ricardo respondeu «e eu da lua até aqui. Quero-te.»
Senti um calor invadir-me as faces.
- Namorado. – Disse o meu companheiro de viagem, aliás, o colega de banco.
- Não…
Olhei pela janela e não dissemos mais nada durante algum tempo. Anoiteceu. Eram  quase vinte e uma e trinta. Ele pegou no telemóvel para também ver as horas.
- Vens cá por quanto tempo? – Perguntei, finalmente.
- Ainda não sei bem. Não sei sequer se volte. Tenho cá a minha velhota que já está um bocado acabada e precisa de mim para arrebitá-la.
Pensei nos meus. Pensei que também havia quem precisasse de mim se eu deixasse.
- Também vais sair em Aveiro, não é?
- É. Tenho um amigo que me vem cá buscar, porque vou para Mangualde.
Logo a seguir, não sei porquê, dei-me conta que ele também teria sido aquela pessoa que chegando ao aeroporto de Lisboa, não teria tido ninguém à sua espera.
Como os meus pensamentos eram egoístas.
À saída da carruagem, ajudou-me a carregar a mala e, seguidamente foi buscar as suas duas. Agradeci-lhe e dissemos um “adeus” rápido de quem não se tornará a ver, jamais.
De soslaio, ainda o vi abraçar o amigo. A minha garganta ficou apertada, mas ninguém sabia. Olhei à minha volta e eu era a única pessoa sozinha e parada no meio da estação.
Então, disse baixinho:
- Aveiro, cheguei.

Eli