Agora nem nómada, nem emigrante.


sexta-feira, fevereiro 28, 2014

segunda-feira, fevereiro 24, 2014

Desistido


Era uma vez um homem que se sentindo ainda menino, resolveu optar por desistir. Faltavam-lhe as forças para lutar contra intempéries, contra a falta de (quase) tudo aquilo que sempre quis. Só se conseguia lembrar dos erros que tinha cometido e arrependia-se de todos eles. Houve em tempos uma grande necessidade de se compreender, mas agora tudo tinha mudado. Não queria mais lutar. Ia deixar-se afundar lentamente, ou então de uma forma rápida. Nem se importava mais com isso.

Porra! Há tanto em mim, como poderei desistir?!

Dito isto, já tinha desistido, sem ter sido resgatado como sempre tinha pedido. 

Eli

sábado, fevereiro 22, 2014

Procura




Fui. (Finalmente.) Estava um dia soarengo de calor. Também noutra busca de outrora tinha saído com tempestade e, quando o procurei, apareceu um Sol radiante de maio que fora realmente solidário. Mas, isso já lá vai e para que não se fosse contigo, lá fui. Não sei bem ao certo como foi aquela viagem atribulada, por ruelas e vias conduzi... Imagens deturpadas me aparecem na mente, como todas as memórias que tentamos relembrar e que nunca foram bem definidas, como rostos, como o do outro! Mas, cheguei ao final daquela viagem com calor, procurei a pé, óculos e Sol e cabelo amarrado. Encontrei um vizinho teu que parecia criar galinhas, ou pelo menos devia ter umas duas ou três dado o estado explorado do terreno. O cheiro também o denunciava. Ele levantou os olhos do livro que lia por me ver ali, com curiosidade. Não me tinha visto por lá antes. Vero. Só daquela vez ali estive para te procurar. Meteu conversa comigo. Não sei o que disse. Tinha que estar atenta à tua casa. Poderias ter uma chaminé, eu não sabia se conseguiria confirmar que era ali que moravas. Desdobrei-me em cuidados com o velhote e ele percebeu-me, quase nem parei, segui cuidadosamente quando vi um carro chegar. Dois homens. Um mais velho, que tinha vindo a conduzir, saiu do caso sem pressa e sem se apressar, normalmente, como se nem viesses lá também. Deixei-me estar a aguardar tentando ver, com dúvidas, com medo, se serias tu. Tive medo de não me lembrar do teu rosto, de não te reconhecer. Isto tudo em segundos de intensidade. Eu sabia que tu nunca me reconhecerias e vivemos numa selva, por isso eu poderia ser qualquer uma a passar na rua. Disfarcei bem. Segundos depois do mais velho se dirigir à vivenda, com muita calma, segurando primeiro no tecto no carro para ter apoio, foste saindo. Logo pensei: se ele mancar, é ele. Tinha-te visto dentro do carro, olhei-te de soslaio, parecias tu, mas com os reflexos no vidro, ainda me causava mais estranheza e dúvida. Eu não podia olhar fixamente para não me denunciar. As lentes dos meus óculos estão a precisar de aumentar graduação, já não tenho a nitidez no olhar, a qual tive outrora e da qual tenho muitas saudades. À parte disso, esta última palavra da última frase dá-me tanto de ti, que nada tenho, sabes, não sabes?! Então, deixa-me contar o resto. Lentamente, saíste do carro e no teu novo vagar cambaleaste um pouco até teres encontrado posição no andar, manco, como eu sabia. Mais à frente, vi-te com uma muleta improvisada. Via-se mesmo que não a tinhas como tua, ainda. Não falámos. Não iria interferir.

Eli




quinta-feira, fevereiro 13, 2014

Vozes




Pergunto-me, pergunto-te, "ainda ouves a minha voz no teu pensamento?" ou ficou um vazio no lugar que as minhas palavras ocupavam?! Será que esta dúvida continuará dias e dias sem conta já?! Não te vou contar que quando um dia a ansiedade apertava, um homem eu vi e eras tu. Sentado naquele banco, cabelos caídos, livro na mão. Eu sabia que eras. Essa imagem motrou-me sempre que poderias aparecer novamente. Era um dos teus sonhos confusos e delirantes que te trouxe. Imagino-me muitas vezes - demasiadas talvez - a escrever-te cartas, sem... sim, sabes, sem fim. Não entendo o porquê de eu ser assim, de lidar com a espera. Mas, eu mereço mais. Tu não sabes, mas eu conheço-te bem. Eu sei que o poço onde te escondeste é proporcional aos livros que leste. Enterraste-te nessa ideia que só me contatas quando e se. Coisa parva, coisa estúpida. Soltava agora uma caralhada, tu rias-te, surpreendias-te e ficávamos.

Eli

terça-feira, fevereiro 11, 2014

Universo



«Uma estrela...»

Eli

sábado, fevereiro 08, 2014

quinta-feira, fevereiro 06, 2014

segunda-feira, fevereiro 03, 2014

Transporte


Eu segui como se houvesse toda uma noite que me apoiasse. Ele olhava lá para fora e eu vislumbrava o seu rosto refletido no vidro que tomava forma de espelho. Luz das luzes, olhares trocados, ambos com bandas sonoras e imagens mentais que não as que estão no nosso alcance. Quais seriam os seus lamentos que os seus olhos transbordavam?! Haveria uma simpática menina, com lábios vermelhos e céus de prata!? Por que razão não falamos com todos os desconhecidos que têm cabelos a cair pela face!? Havia ali uma história que jamais chegarei a conhecer. Ao sair do comboio, toupeira para que me queres?! Fiquei presa com a mão no bolso e um pensamento mais arrepiante sobre notas de trocas passou-se. Entretanto, voltei a ser só eu, a banda nova que selecionei e que me lembra dos meus homens, pois serei sempre deles, segundo um passado que é um orgulho de tanta vivência. Ainda bem que existem momentos de inspiração que me faze seguir terra a terra e astros dentro dos cadernos. E, mesmo assim, és sempre tu, sempre tu que estás em mim.

Eli

Boa Noite, boas luzes...