Agora nem nómada, nem emigrante.


domingo, maio 27, 2012

Preconceito




Eu nem sou de "más línguas", mas ando aqui com uma coisa a modos que entalada e como este espaço serve mesmo para deambular os meus pensamentos mais recônditos e outros que não, aqui estou pronta a despejar! Não é que há dias ouvi esta conversa:

"- Então, como é ela?" - Perguntou a primeira. (Referia-se à maneira de ser da pessoa que namora com o filho da segunda.)
"- Parece boa rapariga..." (Respondeu com um ar tristonho, a segunda.)
"- Então, que é que se passa?" (A primeira quis saber qual era o problema, já que não conhecia a pessoa em questão de quem falavam.)
"- Só que..."
(Tudo em expetativa...)
"- Mas?!"
(Pressionou alguém, pensando já que a rapariga teria um defeito muito grande.)
"- É forte." (Respondeu a mãe do rapaz que namora com a rapariga gordinha.)
(Alguém disse:)
"- As pessoas gordas nao têm o direito a ser felizes?"
(Eu fiquei estupefacta! Acho que o meu queixo caiu no chão. Era um misto de sentimentos que me atormentava.)
(Acrescentou:)
"-É muito boa para o meu filho. Até fomos tomar lá um café na rua onde moram e não nos deixou vir embora sem jantar lá na casa deles."

Lamento que há quem ainda considere o aspeto físico assim tão importante. Sempre vi isso lá na minha terra por (eu) ter sido sempre maior que a média (mais larga, mais alta...), mas sinceramente, pensei que esse estigma, esteriotipo, preconceito, já lhes tivesse passado um pouco. Infelizmente, não!

Eli

17 comentários:

James Dillon disse...

Certo dia, não tão longe para eu me considerar longínquo infelizmente, sentou-me na minha frente num café que costumo frequentar um individuo a rondar o metro e noventa, de piercing no nariz, nas orelhas, nos lábios, presumi na língua, de barba farta em desalinho, de cabelo curto em estilo "Mohawk" cor de rosa e eu naive e ligado a certas presunções incutidas à nascença de forma tácita, em pezinhos de lã, comecei o meu julgamento interior, até que acaso o levou a pedir-me lume, e reparou por mero olhar de esguelha que eu estava a ler "Cem anos de Solidão" (a reler na presente situação), de cumplicidade literária até outros haréns não demorou muito, e dei comigo a jogar conversa fora com um verdadeiro estranho, que segundos antes julgara em tom de chacota, para perceber que na minha frente estava alguém com uma craveira cognitiva muito superior e uma bagagem cultural e de vida de arrepiar,

aprendi,

cumprimentos,
JD

Buxexinhas disse...

É... a sociedade ainda quer impingir o seu estereótipo de felicidade... Condeno... Todo o tipo de discriminação... Mexe-me cá nas entranhas... e essas pessoas... só tenho pena... Pena dos seus horizontes serem tão limitados...

Rafeiro Perfumado disse...

Os estigmas existem e sempre existirão, Eli. Ou é por seres mais "forte", ou é por seres "magrinho", ou por seres do SCP (aqui consigo compreender) enfim, as pessoas gostam de achar algo que supostamente as coloque acima das outras. Beijoca!

Manuel Luis disse...

Não a nada que mude isto, só o tempo!
Aquele que é magro hoje, pode vir a ser gordo amanhã.

S* disse...

Meu deus, que pensamento tão feio... se a mulher é boa para o filho dela, é isso que importa.

Eli disse...

James Dillon

Fiquei a pensar no que me disse. São estas coisas importantes que vivemos, vivenciamos, que nos contam ou contamos, que nos agarram ao mundo e nos fazem ser mais.

(Também gosto de aprender...)

:)

Eli disse...

Buxexinhas

Infelizmente... mas concordo contigo. Tento ser sempre o mais "aberta"...

:)

Eli disse...

Rafeiro

Ou, talvez seja uma forma de tornar o outro diferente.

Eli disse...

Manuel Luís

Eu acho que o tempo não muda mentalidades. Elas são a semente das atitudes... enfim...

Eli disse...

S*

Ora, daí isso ter-me ficado "entalado"...

Cristina Oliveira disse...

As pessoas "pequenas" têm sempre medo do q não conhecem, do q é diferente, do q é novo, e muitas vezes do q é maior (no sentido do q é mais importante e grandioso).

(Não pude deixar de comentar uma vez q já fui vítima deste preconceito)

queriadeti.blogspot.pt

Eli disse...

Cristina Oliveira

Neste caso não se trata disso. Trata-se de algo conhecido e, que, mesmo assim, assola o pensamento. Que pena não se libertarem certas amarras!...

E fez muito bem em comentar! É tão bom ler comentários...

:)

Isa Ribeiro disse...

Todos temos os nossos preconceitos e fazemos os nossos julgamentos baseados nas primeiras impressões, faz parte do ser humano é mesmo assim a partir do momento em que se tem uma primeira impressão gera-se um preconceito que nao tem de ser necessariamente mau pq um preconceito é um ideia/opinião que surge antes do conhecimento neste caso da pessoa. No entanto este tipo de preconceitos (cada vez mais frequentes) tendem a sobressair para o lado negativo, enfim, a sociedade é assim..
Magoa sim e pode até destruir auto-estimas!

Eli disse...

Ciara

O problema não é termos pensamentos por antecipação, o problema é conhecer a pessoa e continuar a julgá-la e a achá-la sempre "errada" por ter determinada aparência física. No caso, não há caso para tal.

Em pleno século XXI não era tempo de aprender algumas coisinhas sobre aceitação e repeito pelo próximo?!

Isa Ribeiro disse...

Eli tens toda a razão e digo-te mais, esta historia fez-me lembrar os pais de um ex-namorado meu que diziam que preferiam q o filho andasse com umas 500 do que comigo por eu ser adoptada e a mãe dizia que eu fazia feitiços para o ter comigo, achas normal? Eu nao, mas é passado já não interessa. Digam o que disserem de mim, sei que vou sempre ser fiel ao que sou.. :)

Isa Ribeiro disse...

Deixa-me corrigir, nao eram feitiços eram bruxedos lol
Hoje dá-me vontade de rir LOL

Eli disse...

Ciara

Há pessoas que se prenderam a hábitos e não conseguem sair de lá. Esquecem-se que não há mal nenhum em mudar, em aceitar o outro como ele é, em atualizarmo-nos, porque nem tudo o que nos disseram é o melhor para nós ou para acreditarmos.

Enfim, olha, eu tenho uma amiga de infância, que foi adotada precisamente quando eu mais precisava, pois não tinha amiga alguma da minha idade (aldeia pequena) e ainda hoje somos amigas. Eu dou este exemplo para explicar às "minhas" crianças o verdadeiro sentido da afetividade e tu deves saber disso bem.

Cada um tem a sua maneira de pensar, eu aceito muitas, só não tolero falta de respeito, nem aceito que coloquem as pessoas "abaixo" do que são devido a caraterísticas físicas.

Sabes, eu também me rio com certas coisas assim, passado algum tempo e esse capacidade que tens (ou temos) é fenomenal e um grande ingrediente, senão o melhor, para a felicidade.

:)

P.S. Bruxedos ou o que for, sinceramente, devias era tê-los feito :P lol se é que me entendes. Há pessoas que mereciam.