Agora nem nómada, nem emigrante.


sexta-feira, maio 10, 2013

Francisco #4






Pelo canto do olho, no campo visual permitido disfarçadamente, apercebi-me que a companhia dele era uma mulher loira e bonita. Apetecia-me levantar-me e gritar-lhe que aquela era a nossa expressão! Afinal ele deveria usa-la com todas… senti-me ainda mais cabisbaixa.
Então, lembrei-me de uma coisa! Podia enviar-lhe uma mensagem.
Então escrevi: «Gosto de ti até à lua e da lua até aqui.» Eu sei que não tinha o direito de fazer isso, mas havia muito tempo que não falávamos e eu queria provoca-lo!
Ouço o som de mensagem do telemóvel dele a tocar precisamente atrás de mim. Confirmei, sem o ver, que era mesmo ele.
Pensei em virar-me, mas logo depois perdi a coragem. Pensei no trabalho que tinha tido a esquecê-lo. Aquele mês nos Açores fizera-me mesmo bem. Nunca mais me tinha lembrado dele. Foi um mês abençoado. Viver junto ao mar tempestivo de inverno em S. Miguel. Nada melhor para a vida dar uma volta de cento e oitenta graus.
Fechei os olhos, abri o meu diário e escrevi. Ainda estou a escrever. Sorrio. A escrita sempre me fizera companhia. Lembro-me de ficar a noite inteira a escrever até amanhecer. Que loucura! Já tinha páginas e páginas só de sentimentos.

 (continua)

Eli

2 comentários:

Graça Pereira disse...

Despejar para o papel alivia, com certeza...também o faço mas... o Ricardo estava mesmo esquecido?
Graça

Eli disse...

Graça

Seria?! Há uma incógnita!... :)