E agora, estava ali o Ricardo. A
distância física nunca nos fez abrandar na loucura e na procura. Traidor! Ele
traíra os meus sonhos! Eu gostava demasiado dele para ficar uma semana inteira
sem saber dele. O nosso desejo era tão poderoso… como poderia eu abandoná-lo?!
Reticências, por favor, deixem-me em paz. Tenho que deixar o Ricardo no
passado.
Seguidamente, reparei que já não
ouvia a voz dele, nem o riso dela. De repente, virei-me sem pensar mais e a
mesa estava vazia! Ninguém! Ninguém! Como poderia eu ter deixado escapar esta
oportunidade para o confrontar?!
Olhei para o relógio e faltava
apenas meia hora para voltar à minha cidade. Ah, Aveiro, por favor, chega depressa.
Acabei a minha “Fanta” e segui tendo por companhia apenas a minha grande mala e
a minha mochila, onde passeava o meu computador.
Já no comboio, vi-me aflita para
arrumar aquela mala. Quando consegui, fiquei com receio de a deixar ali longe
de mim, junto à entrada/saída da carruagem, mas não pude fazer nada quanto a
isso. Abracei a mochila e sentei-me. Reparei como me sentia cansada.
Ao meu lado, sentou-se um rapaz.
Ele disse como se chamava, mas como eu ainda tinha o Ricardo na cabeça, não me
lembro do nome do simpático. Confessou-me que tinha chegado de avião ao
aeroporto de Lisboa e que era emigrante. Estava na França há já alguns anos.
Notava-se que apesar de novo, tinha um aspeto muito desgastado. Fiquei a pensar
que eu deveria aparentar o mesmo.
Talvez estivesse na altura de
começar a usar um creme antirrugas.
(continua)
Eli
2 comentários:
No comboio poderia ter começado uma amizade interessante...apesar do aspecto desgastado do moço...mais uma razão para o abordar...
Graça
Graça
Nem as histórias nem os filmes são tão perfeitos como a realidade! :)
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