Agora nem nómada, nem emigrante.


sábado, maio 11, 2013

Francisco #5






E agora, estava ali o Ricardo. A distância física nunca nos fez abrandar na loucura e na procura. Traidor! Ele traíra os meus sonhos! Eu gostava demasiado dele para ficar uma semana inteira sem saber dele. O nosso desejo era tão poderoso… como poderia eu abandoná-lo?! Reticências, por favor, deixem-me em paz. Tenho que deixar o Ricardo no passado.
Seguidamente, reparei que já não ouvia a voz dele, nem o riso dela. De repente, virei-me sem pensar mais e a mesa estava vazia! Ninguém! Ninguém! Como poderia eu ter deixado escapar esta oportunidade para o confrontar?!
Olhei para o relógio e faltava apenas meia hora para voltar à minha cidade. Ah, Aveiro, por favor, chega depressa. Acabei a minha “Fanta” e segui tendo por companhia apenas a minha grande mala e a minha mochila, onde passeava o meu computador.

Já no comboio, vi-me aflita para arrumar aquela mala. Quando consegui, fiquei com receio de a deixar ali longe de mim, junto à entrada/saída da carruagem, mas não pude fazer nada quanto a isso. Abracei a mochila e sentei-me. Reparei como me sentia cansada.
Ao meu lado, sentou-se um rapaz. Ele disse como se chamava, mas como eu ainda tinha o Ricardo na cabeça, não me lembro do nome do simpático. Confessou-me que tinha chegado de avião ao aeroporto de Lisboa e que era emigrante. Estava na França há já alguns anos. Notava-se que apesar de novo, tinha um aspeto muito desgastado. Fiquei a pensar que eu deveria aparentar o mesmo.
Talvez estivesse na altura de começar a usar um creme antirrugas.

(continua)

Eli

2 comentários:

Graça Pereira disse...

No comboio poderia ter começado uma amizade interessante...apesar do aspecto desgastado do moço...mais uma razão para o abordar...
Graça

Eli disse...

Graça

Nem as histórias nem os filmes são tão perfeitos como a realidade! :)