Agora nem nómada, nem emigrante.


sábado, março 08, 2014

Respira






Assim não vale. Deixaste que os meus cabelos crescessem sem lhes sentires o seu perfume de mulher. Não dependo mais de ondas negativistas, teria tanto por fazer. Hoje, um sorriso apareceu-me à frente, meio mascarado, algumas vezes no meu dia e apercebi-me da sua preocupação quando me disse "respira". Tão simples como isso. Uma alma viu que eu precisava de aquela palavra, a única a fazer efeito. Uma pessoa não precisa de se deitar com alguém, nem de cantar sonetos para ler numa expressão um momento humano. Quem me reconhece na voz uma gargalhada e me a permite assim, faz-me bem. Obrigada aos humanos que se cruzam comigo e que não fingem que a minha existência é tão redundante que chega a ser desnecessária, porque se não figurássemos todos no mesmo metro, no mesmo comboio, seria estranhamente mais dolorosa a viagem... como se os lugares vazios estivessem realmente vazios e o mundo desaparecesse em si.
Chegamos ao final do inverno, meu querido, sem ouvir a chuva lá fora, juntos. Ambos numa solidão carregada de pensamentos, de lutas, de dias e noites, ambos numa distância... porra, não me feches o portátil e não me corras por este sul fora fazendo um desvio! ;) Não aguentei, tive que te piscar o olho, porque um dia ainda irás ler isto e vais achar "mas onde é que ela foi buscar aquela paciência sacrossanta". Estou no final da estrada. Não vivo muito mais. Só para que saibas, a minha lealdade aos meus é eterna, mas eu continuo a mesma mortal. Cativas-me ou cativo-te? Algum dia serias capaz de lutar por mim?! Onde está a tua espada em punho para me resgatar?! Vais subir, vais entrar?

Eli

2 comentários:

Parapeito disse...

"Cativas-me ou cativo-te?"
terá de ser ambas as coisas...
abraço**

Eli disse...

Parapeito, sem obrigações! :)