Agora nem nómada, nem emigrante.


domingo, maio 21, 2006

Queria não sentir


Queria não sentir.
Só hoje, só agora, só neste momento em que as veias estalam de tão secas pelo sangue que me é congelado. Mas, mesmo assim, não deixei, ainda, de sentir. Já não há vermelho, nem cores que revelem sopros de vida, mas continuo a sentir. É apens um toque de sinos de sobrevivência, onde rasgo palavras e atiro-as nos becos... não estou perdida, porque me acho em abismos. Se soubesse que a morte era um intervalo, pedir-lhe-ia para me acordar quando chegasse a altura de viver. Não há qualquer gota de sangue que tenha ficado para me mostrar viva... minha pele é um resto de branco sem mais, sem faquear, sem...
Se não sentisse, seria fácil.
"Nem sempre o que quero é o melhor para mim." Disse-me a Susana Rocha, uma vez, concluindo.
Hoje, sinto mais do que nunca que o que quero não é bom para mim, pois baseia-se em contradições estúpidas e sou cruel para mim quando me chego a perder dentro do abismo que conheço... mas mesmo este é mais do que um lugar sombrio. É um espaço onde me deixo flutuar apenas para me lembrar de mim enquanto sonho de sentires... e a fluidez dos líquidos não jorra nesta alma ensanguentada. Morte seca. De que valho sem sangue?!
O progresso da alma é lento devido às regressões.

Eli

:)

28 comentários:

António disse...

Minha querida Eli!
Um excelente texto que é também um grito!
Um grito de dor, de agonia, de queda, de solidão.
Faz-me lembrar uma tragédia...

Obrigado pela visita.
Este diálogo do Padre e da Beata poderia facilmente dar uma história com bastante mais fôlego.
Mas, por agora, não quero escrever ficção alongada.
(já o fiz e está lá, no blog)
Vou-me ficando por textos em cerca de página e meia de Word (Arial 12).
Volta sempre!

Beijinhos

RPM disse...

bom dia Eli...

Obrigado por teres passado pelo meu blogue e para te dizer que há uma outra aproximação....também sou de Viseu. Melhor, os meus pais é que são de lá...eu apenas vivi e estudei depois de regressar de Angola....

Um texto triste para um domingo, mas há sempre momentos.

Voltarei

Abraço

RPM

Unknown disse...

Sabes aquela sensação de engolir em seco? Foi o que tive quando li este texto. Muito lindo. Nunca consegui exteriorizar os meus sentimentos desse modo. Sou mais explosivo e muito corrompido por desejos e emoções. Adorei. Muito obrigado pelas tuas visitas. Vou continuar a ver o teu blog… E estarei atento a novos post.

;o)

Ricardo Pereira disse...

era de facto mais facil viver sem sentir, poder estar anestesiado de vários factores e situações que nos deixam profundamente magoados. mas concordando com o que diz o a.j.faria a vida seria igual para todos, seriamos como maquinas incapazes de se expressar ou até mesmo de viver.
eu exteriorizo demais os meus sentimetos... por isso só arranjo chatice, a indecisão da qual falava no perfectvisions é sobre isso mesmo, não encontro um meio termo, vivo a vida como se isto que sinto agora não voltasse a acontecer pois o dia de amanhã pode não existir e a maior parte das pessoas acha que isto é errado. Será? não sei...o k as leva a achar que o seu ponto de vista é que é o correcto?
não sei se és tu que estas certa, se sou eu se é outra pessoa qualquer... só sei que muitos de nós gostavam de ter um botão e desligarmonos do mundo, nem k fosse por breves instantes.
gostei da supresa da tua visita no perfectvisions, passa lá mais vezes que serás sempre bem vinda e eu irei passar também no teu.
beijos. ricardo.

Sara Mota disse...

deixar de sentir... só por uns momentos até a dor passar..!!

***

K'os disse...

"O progresso da alma é lento devido às regressões."

sim é como dizes, mas sem essas regressões, não evoluias nem aprendias

custa, mas não existe outro modo de aprendermos

é necessário sentir, para conhecermos o não sentir, e assim estabelecermos o meio termo

:)

Madeira Inside disse...

OLá Eli!!

Às vezes, em certos momentos da nossa vida, seria melhor [ou não] não sentirmos....

Bjinhos
:)

Anónimo disse...

Nunca deixaras de sentir, apesar de as coisas serem mais faceis se nao sentissemos!
Beijinho

Bel disse...

O texto está lindo super bem escrito. E nos momentos mais confusos e tristes em que escrevemos melhor porque sentimo nos sozinhos e com vontade de desabafar. E possivel querer se o que nos faz mal. Eu sou exemplo disso ou talvez tenha sido agora tenha feito um intervalo porque tomei consciencia que realmente so posso querer o que me faz sentir bem e não o que faz sentir mal. devemos sempre escolher a melhor parte dos filmes. Se problema e amor fica apenas com a amizade as vezes e o que resta de melhor.

alice disse...

querida eli,

posso subscrever-te?

e agradecer-te?

e beijar-te?

*****

alice

JL disse...

E se vivessemos sem sentir, viviamos? Boa semana

MS disse...

Eli, fiquei mt feliz por saber q podes vir s publcar teus poemas!! Mt felicidades do fundo do coração!!

bjs em forma de :)

Anónimo disse...

Para não quebrar o encanto...
Não vou dizer o quanto me encantou chegar até aqui.

Beijos

LuzHarmonia disse...

Belo texto Eli.
Triste, sentido, forte, vindo bem lá do fundo do teu ser.
Parabéns pelo Blog.
Bjs

Dani disse...

Bom, vou ficar silencioso, por um momento, avassalado por teu sentir...

Beijos

Clotilde S. disse...

Obrigado por teres passado pelo meu cantinho. Volta sempre.
Ao ler o teu desabafo, revivi momentos e sensações, que enterrei.A vida é feita de ciclos, uns melhores, outros piores. O que a dor tem de bom, é o facto de ser inspiradora para a poesia. Eu, por exemplo, quando estou muito muito feliz, não escrevo nada. Beijão grande!

Anónimo disse...

Essas palavras fazem me lenbrar de eu num passado distante,
ao qual tento me esquecer que por lá passei...
Não caias,por esses abismos,
abre apenas o teu coração com um sorriso e deixa entrar o sol nas tuas veias misturado com pingos de alegria e voltarás a viver ;)
tem um bom inicio de uma boa semana eli ;)
um beijinho ;)
sorri :)

Anónimo disse...

Por vezes "queria não sentir."

Sim... por vezes...
mas nem sempre.

***

Sea disse...

mas progride... a pouco e pouco... mas... sim... :)

Salvador disse...

A solidão de vez em quando faz bem.
Lindo texto
Parabens

Nilson Barcelli disse...

Gostei do teu texto, tipo desabafo, mas parece-me que andas afogada em saudades.
Digo-te que, se for o caso, é normal isso acontecer. Falo por experiência própria, pois, como deves saber, estou desterrado na Alemanha. E a saudade vai minando o nosso interior.
Beijos.

Dark-me disse...

Olá Eli!
Como eu te entendo!
Para mim, só o título diz tudo...nem imaginas as vezes em q a mim me apetece não sentir.
Adorei as tuas palavras
Jinho

Nilson Barcelli disse...

Esqueci-me de comentar o "o poema um pouco mecânico"...
Gostei da tua franqueza. Deves dizer sempre o que pensas, só assim eu sei onde estou e posso melhorar o que escrevo.
Por isso, não te auto-censures nos comentários...
Beijos.

Daniel Aladiah disse...

Querida Eli
Não é fácil evoluir e só se consegue através da experiência, o que implica o erro. Mas todos lá chegaremos...
Um beijo
Daniel

Sea disse...

beijo Eli :) sempre a progredir! Não te esqueças disso!

Misantrofiado disse...

Bom Eli... fico confuso no acto de te comentar, porque adoro sentir a tua inteligencia e sensibilidade, mesmo que no escrever de abismos,na ausência do vermelho ou até de veias drenadas.
Mesmo assim... :)

Nelsinho disse...

Teus escritos continuam maravilhosos!

Tenho andado muito afastado dos blogs, porque estou passeando muito aqui em Curitiba, Paraná, e por isso não sobra tempo para ficar no computador!

Um beijo

Nelsinho

Anónimo disse...

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