E os dias foram passando. Uma semana... e nada. Eu não conseguia esquecer-me por mais que tentasse. Remendava o meu coração entre a palpitação e os batimentos secundários. Esperava. Desesparava. Nove dias depois, ele apareceu com aquele sorriso do costume. Quase sem máscara, confessou que se tinha lembrado de mim, na ausência, explicando-se logo com uma urgência familiar.
Eu não podia cobrar... embora tivesse uma enorme vontade de o fazer, não optei por esse acto castrador. Ele resolveu contar-me sobre a sua vida. Fiz-lhe algumas perguntas que nunca tinha feito. O seu estado civil começou a ter um grande peso. Então, lá fiz essa questão um pouco a medo e ele ofereceu-me um silêncio inquietante...
H : (...)
Pela primeira vez, fiquei sem saber o que dizer. O meu desespero fez-me pensar que ele era casado e aquela dança em que mergulhei teria que parar imediatamente. Senti-me traída e comecei a imaginar uma família por detrás das suas ausências. A sua música, que ainda entoava na minha cabeça, parou finalmente, diante daquela escuridão. Mil pensamentos, mil hipóteses. Então, pegou na minha mão e, uma lágrima escapou-se dos seus olhos quentes de mel.
H : Viúvo.
Foi nesse momento que engoli em seco todas as minhas palavras ocas, todas as minhas dúvidas existenciais, todo o meu sofrimento. Respeitei o seu silêncio. Soltei a mão.
Olhei em volta, senti o lugar. Havia muita gente à nossa volta. Os casais passeavam de mão dada, as famílias sorriam à volta das crianças e eu, voltava a ser eu. Descalcei-me e fitei as ondas com os pés.
Eli
:)
12 comentários:
Gostei imenso do parágrafo final... um sinal inequívoco de decisão madura!
Muita gente daria tudo para poder voltar a viver uma história de amor! Eu... não sei...
bjs e boa semana!
Gostei muito. Não precisavamos sofrer por antecipação...
mfc : Obrigada por me dizeres isso. É bom saber que estas ideias apresentam algum tipo de maturidade.
JP : Não sei quem é muita gente, mas enquanto não sarámos as feridas antigas, não estamos preparados para as novas... Obrigada pelas tua partilha de ideias.
Olga : Não percebi porquê. Podes dizer-me, sff.
Os comentários que apaguei dos Anónimos eram PUB, pois todos os comentários, sejam críticas ou não, são bemvindos!
:)
Hummm...este blogue está a ganhar de novo a projecção que já teve e que sempre mereceu!
Editoras do meu país, prestem atenção ao endereço deste blogue e concretizem um sonho.
Vou continuar atento à estória...
:)
Que lindo Eli. Muito lindo!
Beijo
A presença é sempre mais notada na ausência! E os juízos que fazemos podem ser o eco que depois temos. Como na história.
Bj
Gonçalo : Obrgada por este sorriso em forma de palavras e pelo teu sempre considerável apoio.
Natália Augusto : Obrigada. Ainda bem que gostaste!
Daniel Silva (Lobinho): Às vezes as histórias além de trazerem um pouco de nós, também nos devolvem em parte do que lhe demos! Obrigada.
:)
Mais um episódio, um capitulo... e as revelações e emoções continuam em alta.
:))
em_segredo
em_segredo
:))
E a saga continua...
Enviar um comentário