Agora nem nómada, nem emigrante.


sexta-feira, agosto 02, 2013

Farsa



 
Ele estava ali tão perto e Elen não quis aproximar-se. Refugiou-se na atitude mesquinha que aprendeu com os homens.
Minutos antes, desceu até à areia, a chinelar. Não teve que dar muitos espaços até o reconhecer. Olhos postos no livro, sentado naquela cadeira, amortecendo a passagem dos dias.
Não foi como imaginava. Ela sempre pensara que ele deixasse as cadeiras de lado e se viesse deitar na areia. Interpretou, então, pela primeira vez na vida a farsa do medo. Deixou-se ficar a uma distância considerável, o que fez com ele não imaginasse que no meio dos transeuntes, encontrava-se ela, disfarçada com roupas coloridadas de praia, disfarçada de mais uma carregada de celulite, costas tortas e que é mais fácil ser-ser ignorada do que reparada.

Eli

2 comentários:

Anónimo disse...

Infelizmente cada vez mais o mundo está carregado de farsas, onde o homem ignora constantemente os humildes e os simples para valorizar os ricos e superfulos.
Não consigo ter farsas. Ou é ou não é. Mas vou-me habituando que na vida as pessoas não pensam assim. Vivem e alimentam-se de farsas para tentarem ser felizes e principalmente para subirem na vida a todo o custo. Como conseguem essas pessoas serem felizes a 100% e deitarem a cabeça na almofada e terem uma noite descansada? Pobres criaturas estas que só sabem viver de farsas...
NITA

Eli disse...

NITA

Comigo passa-se algo do género, por isso, este post foi apenas uma imagem, uma projeção, sabes como me dá para imaginar coisas...Nem sempre sou criativa, mas logo a seguir consigo transformar coisas bonitas em coisas rebeldes, textos até menos meus, mas que um dia brotaram, apesar de haver muito mais do que dizer uma Farsa.

Obrigada pelo comentário tão construtivo. Só deu para responder hoje. :)

Volta sempre, que enriqueces este blogue.