Agora nem nómada, nem emigrante.


quarta-feira, maio 08, 2013

Francisco #2







...ter seguido uma das minhas ideias de infância e devesse ter mesmo ido para hospedeira. Assim, as viagens seriam normais. Ainda com a imagem das flores e dos cartazes de boas vindas no pensamento, prossigo. Coloco os meus óculos de sol à saída e apanho um táxi até à estação de comboio do Oriente – Lisboa.
O taxista não se interessa pela minha expressão. Falo-lhe com sotaque açoriano só para que me faça sentir entretida.
- Ah! É micaelense!
- Conhece a ilha?
- Fui lá com a minha patroa para umas férias que a nossa filha nos pagou.
Os meus lábios contraem-se e ameaço sorrir. Imagino como deverão ter sido as férias daquele simpático senhor e lembro-me do azul! Ai… que saudades do azul…
Silêncio.
Aumenta o volume do rádio.
Gosto da música… não reconheço o que ouço, mas soa-me bem. Uma banda sonora com guitarra clássica, que me faz ver Lisboa como se fosse a primeira vez. Aquele dedilhar arrepia-me de tal forma que a primeira lágrima teimosa cai, deixando-se mostrar.
O taxista apercebe-se da minha emoção e dá-me um lenço para a mão. Curioso… um lenço de pano, imaculadamente limpo e dobrado. Sinto um bordado debaixo dos dedos, reparo melhor… tem um “F” desenhado.
- Obrigada. – Agradeci num fio de voz, devolvendo-o.
- Ora essa. Fique com ele, faço questão.
Uma nuvem cinzenta pairava ao longe e brincava com a realidade apressando-se quando olhei para ela.
Lembrei-me de outras nuvens que tinha fotografado nessa mesma última viagem de avião. Curioso, lá em cima as nuvens eram sempre brancas.
- Estamos a chegar. Deseja mais alguma coisa.
Desta vez abri um sorriso.
- Desejo sim.
- Diga, se faz favor.
- Desejo agradecer-lhe muito pela tua atitude e faço questão de lhe devolver o lenço… quiçá haverá por aí mais moças desamparadas e independentes como eu a precisar.
Perguntei-lhe quanto era, paguei e saí, deixando-o ali. Não me sentia a merecer um lenço que parecia ser tão pessoal.
 (continua)

Eli

terça-feira, maio 07, 2013

Francisco #1







Sábado, 18 de fevereiro de 2012

Acabo de aterrar no aeroporto da Portela. Não sou eu quem aterra, é o piloto do avião. Foi ele, aliás, mas, na verdade, isso não importa nada. Sinto-me inspirada depois desta viagem. Acabo de olhar em volta e vislumbro vários tipos de pessoas, acabando por sentir que são um só. Aumento, o volume do meu mp3. Ouço Damien Rice – “Delicate”. E como é delicada esta minha realidade. Passo os olhos pelas cadeiras azuis. Desta vez resolvi esperar pelas malas sentada. Já sei que demoram. Se passar menos do que uma hora aqui, até estranho… tais são as demoras. Olho em volta novamente, será que devo descrever o que vejo?! Um homem de barba com um chapéu a tapar o cabelo. Moreno, alto, mexe num cigarro que por agora não pode acender. Já o vi coloca-lo na boca por diversas vezes. Será que aguenta sem fumar até sair do aeroporto?!
Ouço um barulho mais forte, qual estrondo. As malas começam a rebolar no tapete. Espero que apareça a minha enorme mala azul, que tem escrita em cima a tinta branc (corretor) “Eva”. Foi a maneira que encontrei para a alcançar com o olhar, ao longe, sem se confundir. Já por algumas vezes pegaram nela e voltaram a coloca-la no tapete rolante quando viram o meu nome escrito. Não falha.
Passam malas vermelhas, pretas, até azuis, mas a minha tarda. Lembro-me de como é normal as primeiras a fazerem cheque-in são as últimas a aparecer no tapete. Por fim… lá aparece. Boa! Desta vez, quarenta e cinco minutos depois de aterrar, já estou a sair. 
Olho para o relógio, antes de vislumbrar a multidão de pessoas que espera. É muito engraçada esta parte. É como se as pessoas que saíssem do avião fossem todas famosas. E são! Somos todos famosos na vida de alguém. Ouve-se a alegria e o espanto das saudações. Vejo um ou dois cartazes a dizer nomes! Como é bom ler cartazes que esperam pessoas. Sorrisos, pessoas felizes. Ultrapasso toda esta dimensão e espero encontrar alguém… mas não encontro. Novamente, sozinha. Saio apenas na companhia da minha música “I can’t take my eyes of you”. Não imaginam qual é a tristeza quando não se tem um abraço à espera. Finjo que sou muito independente, que já estou habituada, como se fosse uma hospedeira. Talvez devesse...

(continua)

Eli













"Encontro na Azambuja"


Já este ano, descobri o VI Concurso Literário da Azambuja, quase em cima do prazo para concorrer. Tinha menos de uma semana para participar. Sabendo que havia normas rígidas a cumprir, tinha que ir comprar um envelope A4 e não só... o que é certo é que numa noite dessas, entreguei-me ao computador e escrevi a história "Encontro na Azambuja" para concorrer na categoria Conto. Não fui a vencedora, mas recebi uma Menção Honrosa. Esta cerimónia ocorreu no dia 23 de abril - Dia do Livro. Foi um prazer ser "distinguida" por algo que saiu de mim. Foram quase dez páginas suadas, saídas verdadeiramente de mim, sem intervalo, criadas de uma mistura do meu imaginário com alguns pormenores muito meus... porque um escritor vai sempre vasculhar nas suas memórias para exteriorizar sonhos, sentimentos e só assim a escrita flui!

"Encontro na Azambuja" fará parte de um livro digital posteriormente editado pela Câmara Municipal de Azambuja.

Eli

:)

sexta-feira, abril 26, 2013

Dá-me a mão...


«Sonhos de Papel», Adriana

sexta-feira, abril 19, 2013

Oito anos



Este blogue tem feito uma caminhada longa ao meu lado, sempre lá para mim. Não poderia deixar de assinalar esta data tão querida. parabéns ao meu blogue, que é a minha "casa" mais presente e/ou mais ausente, que mantenho com mais gosto há mais tempo nos meandros da escrita e tudo o mais que a envolve. Se não estiver sempre, não estranhem, o contrário também. Qualquer coisa, digam por mensagem ou por mail, que eu até gosto (muito) de escrever.

Obrigada por continuarem a vir e a passear-se ao meu lado, mesmo quando parece que estou prestes a escorregar.

Eli :)

quinta-feira, abril 18, 2013

quarta-feira, abril 17, 2013

Aquelas rosas


Foram rosas vermelhas as únicas flores, porque eu apenas poderia ter usado um símbolo meu, mesmo que não fosse reconhecido. Servirão de muito e para muito, embora não compreenda, os amores têm todos a mesma raíz...

Eli

terça-feira, abril 16, 2013

Estar nas Nuvens


(Imagem de Eli)

sexta-feira, abril 12, 2013

terça-feira, abril 09, 2013

Convite - Livro de Poesia


Deixo-vos aqui este convite para a apresentação do livro de poesia "Aqui Há Poetas - Poesias sem Gavetas", compilação organizadar pela Pastelaria Studios Editora, na qual participo com três poemas.

Caso compareçam, dirijam-se a mim. :)

Eli Rodrigues

:)

P.S. Clicar na imagem para aumentar.


quinta-feira, abril 04, 2013

Solar

Creio que posso escrever aqui
Porque esta tela parece branca
Mas não é
Creio que nem a música me salva
da raiva que me permanece na garganta
Permiti-me afugentá-la, sabes
E escrevo aqui para ser lida
Entre a morte e a sorte
Háde aparecer alguém
Que me apontará os traços
As faltas, os erros
E a solidão que permanece nos ombros

Não me faças mais chorar
Ou sentir essa vontade,
Envergonhando-me nas colinas
Evergando uma face cabisbaixa

Para já, vou escrever-te numa tela sombria
porque sei, tenho a certeza
que me entendes o cinzento

deixo-te aqui este lamento.

Eli

terça-feira, abril 02, 2013

Confiança


Escondi-me numa caverna de vidro. Não sabia que era transparente. Fiquei lá sozinha, torcendo para ninguém me encontrar. Viajei entre caves e vulcões, carateras e montanhas. Toquei os mais belos instrumentos nas minha viagens imaginárias. Deixei-me ficar desligada do mundo. Achei que não devia partorear mais os amigos que precisavam de consolo na sua lã. Mas, entre as rochas, pedras no meu poço de solidão, soltei um grito. Precisava de sorrir novamente. Tinha destreinado o esboço. Tal grito de ânimo partiu a caverna e reparei que tinha sido observada enquanto tinha fechado os olhos, que havia ali alguém e que nunca tinha estado efetivamente sozinha.

Abri meu coração ao mundo e contei ao meu amigo o meu desânimo mais profundo. Depois, apaguei tudo e a memória dele já não regista esse momento de confiança. Esqueceu-o.

Eli

quarta-feira, março 27, 2013

No escuro da caminhada






Foi mais uma caminhada, homem de barba
Foi apenas um passo atrás do outro
A música entoava nos ouvidos
E eu recuperava as pausas

Dentro das pequenas leituras
Recuperava a comichão antiga
Numa sombria solidão
Prostrando as palmas pelo chão

Pedindo quadras de gatas
Lê-me, lê-me o escuro
O lado sombrio que me embarga a voz
Lê-me, por favor, lê-me

Preciso de um momento terno
Uma coisa qualquer
Que me devolva a mulher
Que outrora viveu dentro de mim

Entra pela porta escancarada
Não tenho mais nada
Escondido atrás da chaminé
Nem fumo aqui ao pé

Anda, vem, dá-me essa mão calejada
Quero-te entre as minhas pernas
Coisa com roupa, assim de cansada
Quero o abraço prometido
E a dança que eu sonhava

Eli

domingo, março 24, 2013

Atrás






Diz-me por que não esperaste por mim
Diz-me, por favor, preciso de uma razão
Preciso que me leves água ao coração

Diz-me com a tua voz tão ansiada
Com a ternura imaginada
Que me encontraste

Passaram-se tantos meses
Entre sonhos e teclas
Tu sabes...

Saberias, se me lesses
Mas, entretanto
Neste desaparecimento
Talvez morresses,
Pensei.

Não contive o choro... há um ano atrás
Entretanto, imaginei-te capaz
De discar o meu número
E me amar

Pedi muito?!

Como posso pedir menos
Se nesta história
Estávamos os dois prontos

(para amar)

Sim, mas quis o destino separar
Aquilo que a música uniu.

Eli


quinta-feira, março 14, 2013

Meio da vida


Sinto-me a meio da minha vida. Não sei explicar porquê, mas parece que sei isto de mim, como sei de outras coisas. Nem sequer quereria explicar isto, porque há muitas coisas importantes sem explicação na nossa vida. Todos os anos, por este dia tenho feito um post diferente em que revelo algo de mim, algo mais... desta vez saiu-me isto. O tempo que já vivi é proporcionalmente igual àquele que ainda irei viver e, se for com qualidade, seja assim que já será bastante bom para o que eu tenho visto à minha volta. Viver e morrer faz parte. São coisas tão naturais que são inerentes à nossa existência e esta não caberia se não houvesse este intervalo "contado".

Eli

:)

sexta-feira, março 08, 2013

Entre o Sono e o Sonho IV





No próximo dia 16 de março (pelas 15:00 horas, no Casino Estoril), será feita a apresentação do livro "Entre o Sono e o Sonho" - Volume IV - da Chiado Editora (em dois Tomos), no qual participo com o poema "Pulsar".

Esta coletânea foi organizada pelo Gonçalo Martins e conta com a colaboração de cerca de 1000 autores. Lamento muito, mas não poderei comparecer.
 Quem gostar de poesia e deste tipo de evento, vá! Se eu pudesse, também iria!!!
 

Eli


quarta-feira, março 06, 2013

Dilema




Calo a novela e penso no momento em que te vou ver. Inalo música pelos ouvidos com uma necessidade bruta de escrever. Preciso que as poesias me fluam em prosa para que faça valer nos meus objetivos. Há dias, senti-me numa encruzilhada. Tive que escolher entre os meus amigos e eu. O pior, aqui, é que penso que eles não me escolheriam a mim. Aqueles amigos que são como se fossem família, que são mesmo uns primos ou mais do que isso acabam por se render à distância e deixar-me sempre permanecer no longe que onde me encontrei. Preferia não ter que o fazer tantas vezes, mas é mesmo assim. Tal e qual, eu, a nómada, viajante... sei lá. Lê-me. Leiam-me. É pedir muito?! Já não peço que me amem, porque sei que o fazem. Só que não é nem nunca irá ser de uma forma incondicional. Algum dia darão o verdadeiro valor ao facto de eu ser uma mulher em todo o meu explendor?! Não, não quero respostas, tampouco as procuro. Mas, por vezes, gostava que me vissem por dentro das veias, me vissem mesmo sem serem aqueles que observamm de longe com medo de tocar. Preciso-vos. Anseio-vos. Não se afastem mais. Eu prometo que fico. Vou ficar. Sério. Optei por vós. Quero sempre ter-vos.

Eli

sábado, fevereiro 23, 2013

Beijos de Bicos

Este é o título do próximo livro no qual também sou coautora.

Hoje, sábado, dia 23 de fevereiro, pelas 21:00, estarei no lançamento, na Fábrica Braço de Prata em Lisboa, disponível para trocar beijocas!

Quem quiser um autógrafo, um sorriso, ou uma palavra dita na minha voz, aproxime-se!




 

Eli :))

quarta-feira, fevereiro 20, 2013

Enquanto não vens

às vezes gostava se fugir às regras
do terra à terra e proteção que vês
gostava sem pontuação, como crês
e nunca me deixo dessas merdas

ainda assim, fizer-me uma vez mais escrever
enquanto não estás, tenho muitas saudades
preciso muito de te abraçar, de te beber
anda passear comigo e dançar de mãos dadas

Eli

domingo, fevereiro 17, 2013

Própria Morte

Hoje chorei a minha morte
A minha própria morte

Porque não sei se terei algum dia
Tempo para a chorar,
Para me despedir de mim...

Serei mais do que uma eterna reticência
Que se lembrou de si,
de se inspirar com a grandeza de existir,
de ser...

e de o escrever.

Eli

Completo

Nunca saberás por que chorei aquela noite
Não verás resposta nos meus versos recalcados
Desbruçar-me-ei no mistério de os apagar

Em mãos sozinhas, sem gostar
sofrerei o passado para não ver nele o futuro

Qual natureza?! Quais folhas de outono?
Qual primavera, qual caminhada?

Não quero sonhar mais nada.

Alongar-me-ei sem mais pressas de finalizar
Palmas de dedos a tactear
Gosto quando me pedes para amar
Porque o que eu faço com as teclas,
com a música e contigo
é fazê-lo sem dizê-lo

Para quê falar mais e mais?
Dar asas à necessidade que jamais voará?

Leva-me a dançar em teus braços
Na cozinha, no teu espaço, no meu
E transforma nossa a tua cama
Com uma voz gritante de quem quer a felicidade
De quem deixou lá atrás os traumas

Monstros eliminados, fotografias arrumadas
Ama o meu toque, numa noite, numa noite

Alguma vez viverei a verdadeira libertação?!

Eli

Poemas Estúpidos

Poemas estúpidos
Que não são poesia
Nem sei que são
Qualquer porcaria

Atirei-me para aqui
Sem parar de escrever
Num pensamento, fugi
Só por não te ter

Porque a ansiedade
Perturba-me a rotina
é uma tamanha saudade

Preciso de me afastar
Esquecer...

Eli

Rimar

A música gira
E não quero mais parar

Já me dói o corpo
de não poder respirar

Quero tal mimo


Entre poemas que me dirás
Danças que segurarás

E...

No meio de tantos nãos sem o negar
Houve um sim que me fez parar
Sabes lá por que me viste chorar

Porra! E eu nem queria rimar

Larga-me as palavras

Deixa-me sonhar

Sinto-te perto e longe

Como se fosses bipolar

Não quero mais acreditar

Mas a esperança prendeu-se
Perdeu-se, quis-me
E não me consigo libertar

Anda de uma vez errar

Rapidamente

Ousa

Não me faças esperar!

Eli

Dantes

Dantes, procurava uma imagem
Agora, permito-me atirar-te
seguir-te o exemplo e, sabe-se lá
se também o olhar
quando vires o Tejo desfocado
ao chegar
no comboio marcado

Traz-me o olhar de um sonho
aquele que me deste uma vez

até mim, por favor,

aguardo.

Eli

Pranto de ontem

Por que me pedes que te leia
quando já te li tanto

E digo-te entre pensamentos
Para que não me decubras

o pranto.

Foi só uma noite, assumo.
Mas, nem te contei
Apenas to libertei
Como quem faz um resumo

Apenas por costar de ti.

Eli

Odeio sem

Odeio
Odeio ter assim tantas palavras
E não escrever nenhumas
apenas por birra

Sou uma mulher sozinha
assim como uma flor espirra
Ou um nome de uma vizinha

Ou, até, quiçá, uma melodia

sou barata, sou roupa, sou inquieta
apenas quando não estou parada

sem morte, sou tia
Com ela, nunca deixarei de ser

E uma libertação

Em água, me chega

Para abandonar sonhos.


Eli

sábado, fevereiro 16, 2013

Vomitar

Só lamento não verbalizar
de forma eloquente
este embargar
de voz que me treme de repente

E, enquanto não ponho isto num poema
tento respirar
mais uma vez

é como se o choro
fosse um vomitar
que nunca mais alivia

E, que fico sempre com vontade
de falar mais e mais
do que devia.

Eli

sexta-feira, fevereiro 15, 2013

Livro com Histórias de Amor


Queridos leitores, este convite é vosso. Podem levar! (Dia 23 de fevereiro - sábado - em Lisboa - Fábrica Braço de Prata - pelas 21:00)

É com muito gosto que sou coautora de mais uma coletânea,  produzida pela Pastelaria Studios Editora. 

A obra chama-se "Beijos de Bicos" !

Eli

P.S. Que quiser encomendar o livro, envie-me um email para rodrigues1981@hotmail.com .


quinta-feira, fevereiro 14, 2013